quinta-feira, 14 de maio de 2009

DO FUNDO, BEM DO FUNDO DO BAÚ: JIM RUSSEL RACING DRIVERS SCHOOL



Era frio, finalzinho de novembro, em retrospecto acho que o curso era mais caça-níqueis que qualquer outra coisa, afinal os instrutores estavam cansados, os carros desgastados, os alunos eram uns gatos pingados vindo dos 4 cantos do planeta. Eu tinha enormes dificuldades com o idioma , Einstein que era, fui para a Inglaterra sem falar uma palavra sequer de inglês, mesmo as elementares me eram difíceis de pronunciar, graças a um trauma com meu primeiro professor de inglês o finado (não disse saudoso) padre Felipe, ainda em Ourinhos. 
O Jim Russell mesmo, eu acho que vi uma ou duas vezes, afinal trazia no bolso a famosa carta de apresentação do Emerson Fittipaldi. Acho que o velho nem olhou, pois nem me dirigiu palavra. O instrutor chefe era o John Kirkpatrick, escocês boa-praça que havia sido piloto de certo brilho anos antes, aliás, como a maioria dos outros instrutores. Havia um aluno, bem mais velho (eu tinha 20 anos), alemão, casado com uma venezuelana muito simpática, e ela, por falta do que fazer no hotel, assistia as aulas teóricas e me passava o essencial em espanhol mesmo.
Eu ficava bem no fundo da classe, encolhidinho (de frio e de timidez) vendo a velha lousa movida à giz sendo rabiscada, comentários sendo feitos, perguntas sendo respondidas e matutando: quero ir para a pista, porra! Fizemos umas aulas de skid control, que basicamente eram uns carros de rua velhos, com pneus muito carecas, num quadrado de gelo com cones, tínhamos que desviar dos dito cujos, e ir aumentando a velocidade e o grau de dificuldade. Como tenho boa coordenação motora (e modéstia), fui bem nessa parte.
Depois íamos para a pista com os surrados Van Diemenn (eu falei Merlyn, mas acho que me enganei, to ficando meio gagá, mas isso não pega, fiquem tranquilos) e tentávamos colocar em prática as teorias aprendidas na sala de aulas. Só havia um problema: eu não absorvia teoria alguma, já que tudo o que eu escutava era confuso! Mas fui melhorando, sentindo mais o carro, sendo disciplinado, mantendo o motor dentro dos giros recomendados, fazendo os movimentos de forma bem suave, e fui até elogiado pelo Kirkpatrick, ao final do curso!
Para tirar minha carteira de piloto, a CBA estava em pé de guerra com a FIA, precisei de um documento dizendo que não havia objeções à minha participação em corridas de automóveis no Brasil, o que demorou semanas, mas chegou. Depois disso peguei minha carteira provisória de piloto inglesa, e mal podia acreditar que já era tecnicamente, um piloto!

5 comentários:

Marcos Antonio disse...

cara que experiência legal,realmente deve ter sido algo inesquecível.
abs

Unknown disse...

Caro Amigo

Parabéns pelo seu blog...já tinha ouvido falar muito bem dele...e somente agora tive a oportunidade de visitar..e fica o convite para conhecer o meu blog.

;-)

Cezar Fittipaldi disse...

Poxa Rafael, obrigado, o teu blog é bem legal também. Eu ainda sou aprendiz nesse lance de blog, espero melhorar bastante no futuro, inclusive com a parte gráfica do mesmo.
Abraço

Speeder76 disse...

A cada dia que passa, estou adorando ler as suas experiências em Inglaterra. Continua, que vai no bom caminho!

Bruno disse...

eu tinha estranhando o Merlyn mesmo ("será que o Cezar me falou errado?"...rsrs). As vezes me sinto assim também, como se os professores falassem grego, acho que preciso de uma venezuelana simpática para me ajudar...rsrs.
Muito legal, com você a ir muito bem na parte prática e conseguindo a carteira...vamos ver para onde a história vai agora.
Abraços.