quinta-feira, 7 de maio de 2009

SORTIDAS, ENSAIO PSICO-FILOSÓFICO SOBRE RUBENS BARRICHELLO.




Bom, eu nem queria falar mais sobre o Barrichello, mas acho que vou dar umas pitacas para tentar entender isso. Um garoto de classe média alta descobre um esporte, um hobby, e mais, descobre ter "jeito" para a coisa. Sua carreira no kart começa meio na brincadeira mas vai ficando séria a medida que tem que enfrentar um outro garoto, um pouco mais velho, com um sobrenome famoso e uma estrutura fabulosa. Christian Fittipaldi, o outro menino, leva o peso do nome nos ombros e as expectativas de muita gente junto. O outro rapazola, Rubinho, percebe que pode vencer Christian e suas carreiras desenvolvem uma curiosa relação, um servindo de escada ao outro. Christian, mais velho parte para os carros mais cedo, Barrichello feito famoso por frequentemente derrotar o herdeiro do clã célebre, estréia na Formula Ford brasileira um ano depois e mostra serviço. Vence também em sua estréia na Formula 3 sul americana, então mais forte que hoje com os argentinos e veteranos e parte para a Europa, Itália, onde uma carreira internacional bem gerenciada tem início. Sempre cercado de assessores, massagistas, aspones, esse outrora humilde menino vai subindo meteóricamente até atingir a categoria máxima em 1993, numa equipe modesta, a Jordan, mas de boa estrutura. Faz um razoável primeiro mundial, com destaque para a corrida de Donnington (aquela em que Senna "jantou" cinco carros na primeira volta debaixo de chuva), até a estréia de um incômodo companheiro, Eddie Irvine. Nos anos seguintes, tem temporadas regulares e num determinado momento transfere-se para a nova equipe Stewart, com regalias de primeiro piloto. Mas antes disso, um acontecimento que viria marcar sua vida e sua carreira: o falecimento de Ayrton Senna,  ídolo-mor da torcida brasileira, que subitamente viu-se privada de um grande nome. Assessores, gente de marketing e puxa-sacos agarram a chance e quiseram fazer do ainda iniciante piloto o "sucessor". Este, inocente e falastrão, comprou a idéia.
A coisa começou a desandar um pouco nesse ponto, pois sempre que criamos algum tipo de expectativa sobre algo ou alguèm, e não conseguimos atingir o nível proposto, fica um "que" de frustração, é inevitável. Anos na Stewart apenas para ter seu companheiro Herbert vencer a única prova da equipe na Alemanha. Mais uma fase difícil e é o escolhido para ser o companheiro de Schumacher na Ferrari, substituindo o volúvel Irvine. Podia ficar quietinho, fazer seu trabalho, concentrar-se melhor e aproveitar as oportunidades, mas não: boca grande (coitadinho do jacaré....) se disse igual primeiro piloto na Ferrari, se auto proclamou tão veloz quanto o queixudo germânico, errôneamente criando expectativas irreais e, o que se viu foi uma frustração após a outra, culminando com aquela famosa corrida na Áustria em 02 em que foi obrigado a dar passagem ao primeiro piloto e o fez de maneira tão explícita que gerou até teorias de conspiração.
Seis anos de Ferrari trouxeram apenas (em termos) dois vice-campeonatos e 9 vitórias. Transfere-se para a equipe Honda em 2006 apenas para levar uma lavada de seu companheiro Button, dando mil desculpas a respeito de não se adaptar ao carro. 2007 foi um ano para se esquecer e 2008 parecia ser  o último realmente, com recorde de participações e uma saída honrosa. Mas, quiseram os caprichosos deuses do destino, que uma pequena bala ainda restasse no tambor do velho e enferrujado revolver.....e ele renova com a agora equipe Brawn, contra todos os prognósticos. O mais surpreendente ainda estava por vir: considerada a equipe mais modesta, a provável "rabeira" da nova Formula 1, o projeto se revela um vencedor, infelizmente nas mãos de seu companheiro, o renascido Button. Parole, parole, parole. Palavras ao vento, desculpas. Eu quero que o Rubinho dê a volta por cima, vença todas as provas até o final do ano, mostre aos seus críticos que estão errados e que ele realmente é um grande piloto. Mas ele tem que derrotar um inimigo poderoso: ele mesmo e sua peculiar personalidade macunaímica! Nós brasileiros, outrora acometidos pelo complexo de vira-latas, fomos resgatados do limbo do ranking mundial da baixa estima por gente como Pelé, Maria Ester Bueno, Abilio Couto (falo deste num de meus próximos posts), Éder Jofre, Ademar Ferreira da Silva, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Guga, os meninos do volei.....agora embalamos e vamos nós!
Rubinho não pode ser tão bi polar assim: tem que encarar os fatos de frente e vencer. Os tempos de Jeca Tatu de atletas brasileiros são coisa do passado, eu quero é o futuro!

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