sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CONSIDERATTAS























Temos também a mania de querer ser o "maior" ou "melhor" do mundo. Estatísticas grandiosas fazem a alegria de muitos jornalistas, que nem ao menos fazem o dever de casa e checam seus dados. O maior estádio do mundo, a maior hidrelétrica do mundo, o maior.....do mundo. Vivemos portanto num mundo maniqueísta e bi-dimensional: temos aqui os extremos, o pior e o melhor. Viva nós!
Recentemente pudemos constatar que somos todos humanos, frágeis e falíveis, decepcionantes e patéticos, por vezes. A imagem das torres gêmeas de Nova York sucumbindo e agonizando lentamente após o ataque de dois aviões domésticos, nos fez refletir sobre paradigmas outrora considerados intocáveis. O gigante frágil, abatido. Alguns anos antes, pudemos testemunhar a queda do Muro de Berlim, algo incrível, histórico e definitivo.
Hoje constatamos que fazer uma equipe de Formula 1 é algo difícil, caro, jogo para gente grande. Nos anos setenta e oitenta o Brasil teve sua própria equipe de Formula 1, a Copersucar Fittipaldi, e eu acompanhei a luta e os esforços para que isso se concretizasse. Os resultados eram previsivelmente fracos, até porque havia uma certa má vontade da parte de alguns fornecedores (a Cosworth, quase hegemônica nos motores, por exemplo, nunca forneceu propulsores de primeira para a equipe brasileira) internacionais. Não demorou muito para que os humoristas e os "urubus " de plantão passassem a zombar da equipe. Programas de TV, revistas, todos queriam tirar a sua "lasquinha", a piada era corrente. Mais ou menos como hoje se zomba do Rubens Barrichello (que é inegavelmente um dos melhores pilotos do mundo e se mantém no topo há incríveis 18 temporadas - mexicanos, argentinos, franceses, coreanos, neozelandezes, qualquer povo o exaltaria - mas nós, o consideramos um fracasso) que é motivo de chacota.
Estamos assistindo a duas equipes das novas, que foram recebidas e festejadas com pompa, a americana USF1 e a espanhola Campos desintegrarem-se no ar, antes mesmo de materializarem-se em algo concreto. Isso coloca muitas coisas em perspectiva. As duas equipes novatas que conseguiram colocar seus bólidos na pista, a Lotus malaya (prometo não mais chamá-la de Paraguaya) e a Virgin, mostram os "teething problems" tão comuns e esperados de iniciantes.
Esse drama surreal atinge a um piloto brasileiro e a um piloto argentino, em situações de carreira diferentes. Um, sobrinho de um mito, carregando um sobrenome de peso, com carreira curta mas eficaz, provavelmente não um midas da publicidade como se imaginava. O outro, com carreira promissora cortada prematuramente, e renascido das cinzas, fênix melodramático a lá Evita, resgatado das carreteras do TC2000 pelos dólares (escassos) do tesouro argentino, para redimir um governo corrupto que precisa desesperadamente de algum elo com o povo
Os capítulos dessas novelas são mais interessantes que os da novela das nove da RGB. Mal posso esperar pelo desfecho. Uma coisa é certa: temos que reavaliar conceitos. E nessa novela do crioulo doido, há também piratas sérvios, saídos de alguma cartola de um mágico baixinho e narigudo, ex-traficante de armas, Bernard Ecclestone, que talvez pela afinidade profissional insista tanto que Zoran Stefanovic tenha também sua própria equipe na Formula 1. Assaz interessante.

2 comentários:

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Bom Cezar, muito bom!!!

Rui

Cezar Fittipaldi disse...

Grato Rui, sempre bom receber elogios....
Abração.