sábado, 27 de fevereiro de 2010

EPÍSTOLAS


Claro que declarações escritas, desde os tempos das cavernas, passando pelos papiros, manuscritos e depois de Gutemberg, pelos jornais, livros e revistas, não são novidades. Hoje vivemos a era das declarações eletrônicas, via sites, blogs e twitter. Todos temos algo a declarar (menos na alfândega, claro) e todos queremos ser ouvidos. Nossas opiniões (que em 99% das vezes ficaria muito melhor quietinhas, sentadinhas num canto de nossos cérebros) parecem ser dotadas de perninhas próprias e caminham céleres da mente para a língua e de lá são despejadas sem revisão para ouvidos moucos ou não.Haja seletividade! Muito se fala e pouco se diz. E muito se escreve sem o crivo da verdade ou da coerência. Mas não quero me desviar do que me motivou a começar este post: as recentes declarações de duas equipes, em pontas opostas no universo da Formula 1, ambas protestando contra a entidade máxima que rege os esportes a motor, a FIA.
A primeira declaração partiu da vestusta Ferrari, cujas divergências com o ex-manda chuva da Federação, o Max chicotinho Mosley são bem conhecidas. Em nota divulgada em seu site, a Ferrari critica duramente a política da FIA que de certa forma menosprezou a importância da presença das grandes montadoras na categoria máxima, responsabilizando-a pela debandada de Honda, BWW, Toyota e de certa forma Renault dos grids. E também ironiza a precariedade vivida por duas das equipes novatas, a Campos e a USF1, escolhidas a dedo pela direção da FIA e que protagonizam o vexame de não possuíram verbas, projetos e muito menos condições de alinhar para o primeiro Grande Prêmio da temporada. Foi uma espécie de revanche pelas constantes desavenças entre a equipe e a Federação, se bem que eu não veja muita utilidade nisso.
A outra declaração de desabafo veio exatamente da equipe que está batendo às portas da categoria, a sérvia Stefan GP, que comprou os carros e os projetos da Toyota, e que apesar de clandestina (aos olhos da FIA) parece estar muito bem estruturada, ao contrário das ungidas e incapazes equipes espanhola e americana.
Com a crescente importância da mobilização da opinião pública em prol de uma ou outra causa, não chega a ser surpresa as estratégias, se bem que por motivos diferentes, de ambas as escuderias. Numa era em que pilotos assinam contratos para ser o segundo piloto reserva, pagam por isso, e bombardeiam os orgãos de imprensa, especializados ou não, com suas baboseiras, descrevendo (através de suas bem pagas assessorias de imprensa) minuciosamente as suas impressões ao testar um.....simulador, tudo é possível!

Nenhum comentário: