quinta-feira, 13 de maio de 2010

MONTECARLO BLUES


Mônaco é uma droga de pistinha de autorama e segundo uma velha definição atribuída a Nelson Piquet (pai, o genuíno) correr lá é como " correr de bicicletas pela sala de um apartamento". As baboseiras extra-pista superam amplamente o que acontece entre-guard rails, com starlets de todas as categorias e quilates desesperadamente buscando uma câmera para exibirem suas qualidades. Os ricos e exibicionistas (que podem sim serem excludentes) alugam iates ancorados ali para fechar negócios e unir o útil ao agradável.
Dentro da pista as coisas começaram a adquirir um padrão que deve ser a norma do restante do campeonato: os grandes lutando entre si e os pequenos pendurados na rabeira torcendo contra o rebaixamento. Basta dizer que os carros mais rápidos da GP2 foram mais velozes que os das equipes novatas de Formula 1, com exceção da Lotus. Apesar dos comentários embasbacados de alguns comentaristas, não vejo isso como nada particularmente alarmante: a pista de Monte Carlo é única e oferece sim esta possibilidade. Basta um conjunto motor-chassis-suspensão-piloto estar em boa sintonia, estará num ritmo condizente com as possibilidades do traçado. Nem mais e nem menos. Históricamente as diferenças de tempo entre as categorias sempre foram pequenas nessa pista que não tem trechos que permitam que os bólidos da categoria máxima realmente deslanchem.
Voltando aos treinos de hoje. Numa pista em que poucas chances de ultrapassagem acontecem, largar na frente é de crucial importância. Ter um carro equilibrado, entregando potência ao chão sem grandes solavancos e o piloto inspirado parece ser o segredo de andar na frente. Poucos pilotos parecem estar tão focados nesse começo de campeonato quanto o bi campeão mundial Fernando Alonso. Ele já perdeu tempo demais em sua carreira (na equivocada mudança para a Mclaren e a subsequente e indesejada volta para a Renault), passou quase incólume pelo escândalo de Singapura ( graças ao beneplácito de muitos jornalistas que não cavaram fundo nesse angu), e sabe que uma chance como ser o primeiro piloto de uma equipe como a Ferrari é esta, a derradeira, a definitiva. Está fazendo o dever de casa e quando não tem o melhor carro, como nas últimas corridas, corre de maneira cerebral para marcar pontos. A quinta feira em Mônaco é justamente para acertar os carros, suspensão, balanceamentos, etc. Mas psicologícamete, se você for um piloto de ponta, estar na frente de todos e principalmente de seu psicologicamente combalido companheiro de equipe, faz a sexta feira de badalações mais doce.
Declarando que "confiança é fundamental" para se andar bem na pista monegasca, Alonso cumpriu o que dele se esperava, na condição de melhor piloto da atualidade: mostrar o caminhos aos outros. O carro da Red Bull continua sendo melhor no conjunto e seus dois pilotos bastante rápidos, portanto são uma boa aposta para continuar a marcar poles nessa temporada. Os dois campeões mundiais ingleses da inglesa Mclaren também estão de cascos afiados e apetite idem. O velho Schumacão, sem o carro modificado como na Espanha, pareceu apanhar um pouco do equipamento, vide as grandes escorregadas nas quatro rodas que só os craques conseguem dominar. Kubica, polonês de nariz e talento igualmente enormes, está ali a espera de um vacilo dos favoritos para mordiscar mais alguns pontinhos, quem sabe uma inesperada vitória. Rosberguinho - fogo de palha em minha opinião - pode ir bem, mas não espero muito dele, apesar de estar em seu "habitat" natural de grifes e acessórios de moda. Outro piloto que pode surpreender, mas já nem tanto devido às suas performances anteriores, é o tedesco Adrian Sutil com a sempre rápida Force India. O resto, bem o resto é o resto. Temos um esforçado e competente Barrichello tentando ajustar o promissor carro da Williams, que ainda carece de alguns refinamentos. Temos os dois gladiadores da quase virgem Sauber, lutando contra si, motores que quebram, falta de confiança e principalmente, de verba. E temos dois brasileiros apanhando de seus respectivos team mates e descobrindo que estar na Formula 1 não é o bastante, é preciso estar numa equipe de verdade.

2 comentários:

Mauricio Morais disse...

Muito boa sua descrição do ambiente estra pista de Mônaco. Fico pensando se Senninha e Di Grassi não vão se queimar irremediavelmente correndo nestas equipes mambembes!

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Lendo sua descrição de Monaco na época do GP me veio só um pensamento, "pena eu não estar lá!".
Gostaria de ter corrido lá em turismo deve ser o maximo.
Vc é bem mais benevolente que eu qt aos "locutorzinhos"
Só dicordo de vc quanto a condição do Alonso na Ferrari é e foi contratado como primeiro piloto, apenas está mostrando porque. Coisa que como um dos melhores do mundo, junto com Hamilton,Kubica, Vettel, Button, sabe fazer muito bem.

Um abraço.

Rui