Hoje, 23 de abril, faz 32 anos que fui para Londres em perseguição ao "sonho". Há trés anos, quando comecei o blog, fiz uma pequena postagem sobre aquela data. Quero dedicar esta postagem ao meu grande amigo, Mario Antonio de Mello Dias, que foi meu pai, irmão, guru e orientador naqueles primeiros e difíceis tempos.
Primeiros tempos: com o velho carro da escola de pilotagem Jim Russell em Snetterton. |
Sei que para alguns as datas são de extrema importância. Eu não sou fanático por elas, mas me lembro das mais significativas, os aniversários da família, e de algumas outras. Para mim, o dia de hoje, 23 de abril, é muito importante, pois foi justamente nesse dia, há exatos e longos 29 anos que eu embarquei rumo ao meu sonho para a Inglaterra.
Um garoto simples, tímido, do interior, com 20 anos recém-completos, embarcando numa aventura rumo ao desconhecido.Tudo começou muitos anos antes quando passei a acompanhar o automobilismo, primeiro pelas revistas de meu pai, depois pela TV com a ascenção do Emerson Fittipaldi e sua incrível Lotus Ford negra e dourada. Fui formulando um sonho doido dentro de minha cabeça de adolescente e num determinado momento, achei que tinha chegado a hora. Lendo relatos nas revistas AutoEsporte, de vários pilotos brasileiros menos abonados que conseguiam se manter na Ilha trabalhando em empregos laborais, me animei e, ao conhecer um professor de cursinho que tinha morado por lá, animado por este, resolvi tentar a sorte.
Ingenuidade e ignorância aliados, não são uma boa fórmula para o sucesso, a menos que estejam acompanhados de uma dose maciça de sorte, e essa eu tive!
Embarquei no Aeroporto de Viracopos, passagem só de ida comprada em 10 vezes no Bradesco, avião da British Caledonian (DC10), uma mala cheia de roupas que nunca cheguei a usar, 265 libras esterlinas no bolso, um pequeno dicionário Michaelis, daqueles verdinhos, nenhuma palavra inglesa no vocabulário, e muita vontade. Eu não tinha a mais remota idéia do que encontraria por lá, a menos que as leituras da Agatha Christie não estivessem tão defasadas, ou mesmo que Baker Street ainda fosse o lar do Sherlock Holmes. Sempre gostei de ler, então alguns autores britânicos habitaram os anos de minha juventude, me fazendo gostar ainda mais da Inglaterra e das coisas inglesas. O bem mais precioso que eu levava em minha bagagem no entanto, cabia no bolso: uma carta do Emerson Fittipaldi me recomendando ao Jim Russell - que tenho guardada até hoje!
No embarque, conheci uma moça que trabalhava na companhia aérea, Elza, que penalizada com minha ignorância e inocência, arrumou o endereço de um amigo de um amigo brasileiro, além de me dar o cartão de um hotelzinho para estudantes e mil recomendações.
Bom, os detalhes eu conto num próximo relato, talvez amanhã. Hoje eu só queria deixar registrado a data e postar uma ou duas fotos de minha passagem por aquela terra encantada.
Um comentário:
E nossos sonhos continuam meu amigo, continuam!!!
É lindo este relato, já tinha lido.
Um abraço
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