segunda-feira, 4 de abril de 2011

PAROLE, PAROLE, PALPITES E O COSTUME DE FALAR SOBRE O QUE NÃO SE ENTENDe


Somos latinos, ok. Eu sei e você também. Mas isso não nos intitula a dar pitacos sobre todos os assuntos que desejamos sem termos base teórica ou conhecimento técnico sobre os assuntos em questão. Lembro-me de quando retornei a viver no Brasil, após quase oito anos de Europa, como as opiniões subjetivas das pessoas me causavam estranheza: “fulano é isso....siclano é assado”.....apenas baseados em suposições e achismos.
Vinte e tantos anos depois, ainda não me acostumei com tais leviandades. Existem jornalistas que opinam sobre coisas sobre as quais não têm a mais remota ideia. Não pesquisam, não conhecem, mas dão palpites que refletidos e ecoados por meios de comunicação e pelas modernas pragas das comunidades virtuais, tais como o twitter, alastram-se como fogo na floresta em tempos de seca.
O campeão das asneiras, no entanto, para quem se dá ao trabalho de ler e acompanhar, são os espaços para comentários dos tais leitores de blogs e sites. Pessoas comuns, como eu e você, e que por isso mesmo deveriam refletir mais ao postar um comentário, mesmo que sob a covarde manta do anonimato.
Ontem houve um acidente, uma fatalidade e um jovem piloto teve sua vida ceifada durante uma prova da Copa Montana em Interlagos. Não sou técnico, não assisti à corrida na TV, já fui piloto (há muito tempo – e nem por isso me sinto no direito de opinar sobre as causas e responsabilidades – até que se tenha um inquérito e suas conclusões sejam levadas ao público). No entanto, li em alguns comentários em blogs e sites, pessoas chamando os responsáveis de “Vagabundos”, “criminosos”, “assassinos”. A impunidade do anonimato é uma arma dos covardes. Não conheço ninguém da Vicar, muito menos da péssima Confederação Brasileira de Automobilismo. Não sou advogado de ninguém, mas me insultam a inteligência aqueles que afirmam que os dirigentes não se importam com os desastres. Ninguém em sã consciência deseja uma tragédia. Humanos são falíveis. Frank Williams nunca desejaria ter perdido Ayrton Senna, assim como jamais desejou, muitos anos antes, perder seu grande amigo Piers Courage.
Automobilismo é perigoso. Automobilismo mata. Nosso automobilismo está meio capenga, mas não foi isso que vitimou o jovem Gustavo. O que o matou foi uma fatalidade, que pode ter sido composta por erros humanos e mecânicos e que serão devidamente esclarecidos no inquérito. Até lá, acusar, bradar, incriminar é no mínimo, leviano. Que as pessoas tenham em mente que acusar, bradar, e apontar dedos inconsequentemente também causa danos.

Acho que alguns jornalistas têm responsabilidades em incitar os comentários. Reputações são jogadas ao lixo pelas acusações sem provas e mesmo desmentidas depois, em muitos casos, já é tarde demais. Quem não se lembra do triste caso da Escola Base de São Paulo, quando os responsáveis pela mesma foram acusados de abusar de menores, tiveram suas vidas destruídas, e subseqüentemente , se provou que eram inocentes? Devemos exercer nosso direito de opinar baseado em fatos e não em subjetivismos, pelo menos quando os assuntos em pauta forem tão sérios. Sei que minha opinião não muda muito as coisas, mas peço prudência e reflexão. Atirar pedras do conforto de nossas poltronas, protegidos pelo anonimato é covarde e traiçoeiro. Vamos esperar para opinar melhor e assim, contribuir para melhorar nossa civilização que está muito, muito doente...

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