quinta-feira, 7 de abril de 2011

DIA TRISTE.


Dia besta. Eu levantei, estava me arrumando, flanando pelos canais de TV, me chamou a atenção uma matéria sobre "Bullying" na (arghhh) Ana Maria Braga. O que me prendeu na frente da televisão foi que mencionou-se o nome de Ourinhos, minha cidade natal. Quis ver o que está rolando por aquelas paradas, onde se o tal "bullying" já fosse uma epidemia nos anos setenta, eu estaria ferrado! Fui buliado e buliei muito! Não tinha semana que a gente, moleque do interior, pé vermelho, não brigasse na saída da escola, no campinho ao lado, para deleite dos outros moleques.E eu também enchia o saco dos gordos, dos baixinhos, dos cabeludos, dos bichas (naquela época não era gay), enfim, de todo mundo. Que eu saiba, na época, não havia psicólogos na cidade, portanto nenhum pode enriquecer com tal promissor filão. 
Crescemos, nos tornamos homens e mulheres, aperfeiçoamos nossos valores. Naquele época íamos a pé para a escola e ninguém reclamava. Eu morava na rua Euclides da Cunha e era uma beleza a algazarra da molecada indo e voltando para a escola Horácio.Soares. Hoje em dia, levamos nossos filhos de carro para a escola, para a natação, para o ballet, para as aulas de inglês. Os super protegemos com medo de um mundo aparentemente mais cruel e hostil que o nosso. Colocamos nossas crianças em bolhas de afetividade e carinho, matando assim o sistema imunológico que só um mundo real, protótipo do que será no futuro, pode fornecer. Eu bati, apanhei, tive minhas figurinhas roubadas na porta do cinema, ia trocar gibis e a molecada mais velha e mais esperta me "tungava", acho que tunguei uns tantos trouxas, mas nem por isso, me sinto traumatizado ou fragilizado.
Claro que não defendo as agressões que vi retratadas na reportagem. É evidente que para o mundo de meus filhos eu sou mais sensível. Mas acho que há um certo exagero, ou estamos mesmo experimentando os sintomas de uma sociedade doente.
Nesse exato momento, vem um "news flash" a falar sobre o tiroteio numa escola no bairro de Relengo no Rio de Janeiro. Pobre Rio de Janeiro, pagando a sina de não ser mais e há muito tempo a cidade maravilhosa que tantos apregoavam ser. Com o passar do tempo, as informações foram se tornando mais claras e o horror da tragédia crescendo. Inicialmente seria o pai de um aluno revoltado por seu filho ter sido vítima do acima refereido "bullying". Posteriormente, verificou-se que o demente em questão era ex-aluno e planejou friamente a ação assassina e só foi detido pela bravura e oportunismo de um sargento da PM. Quem sabe quantos inocentes a mais o imbecil não teria levado consigo?
Não vou tecer considerações a respeito e muito menos apontar meu dedo a acusar. Quem sou eu para opinar? A tragédia é de uma proporção tão dantesca, que ainda não assimilamos suas conseqüências. Sinto pelas crianças, pela sua perda de inocência, suas vidas levadas em vão, e principalmente, pelas suas famílias. Sou filho, irmão, sobrinho, neto e principalmente, pai. Meu coração está apertado e acho que hoje demos mais um passinho em direção ao abismo moral para o qual nos aproximamos inexoravelmente. Deus tenha piedade de nós!.

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