Acompanho Formula 1 há muitos anos. Muitos mesmo. Lembro-me nítidamente das estréias de Emerson, do Wilsinho, do Moco, do Luizinho Pereira Bueno. Houve então um hiato, entre os pilotos nacionais e o próximo a estrear foi o Alex, em finais de 1976, com um velho Hesketh. Depois veio Ingo, com o segundo Copersucar. Depois, entre os brasileiros, o Piquet. Lembro-me de alguns estréias memoráveis, com pontos, como a de Alain Prost, na Argentina em 1980. Impressionou-me, anos depois a estréia de outro piloto francês, Jean Alesi, um ótimo quarto lugar com Tyrrell no Grande Prêmio da França de 1989. Não vi a estréia de Giancarlo Baghetti, vitória no GP da França, com Ferrari em 1961. Mário Andretti, Carlos Reutemann e Jacques Villeveneuve estrearam com pole positions, cada um deles. Me lembro da estréia do Gilles Villeneuve, na Inglaterra em 1977. Me lembro de Depailler, Pironi. Me lembro de tantos outros, badalados ou não.
Pois bem, acredito que a estréia seja importante para todos os pilotos. Ontem, abertura de campeonato trouxe um grande número de estréias simultâneas, coisa que não acontecia há alguns anos. Vamos analisar, começando pelos brasileiros:
-Lucas di Grassi: Trata-se daquele piloto com ótimos resultados em categorias menores, que todo mundo parece gostar e em quem se deposita grandes esperanças. Realmente, é um rapaz articulado, inteligente, bastante experiente do alto dos seus vinte e cinco anos (quase um ancião para os padrões modernos). Sua equipe, também estreante, parece que vai necessitar de muitas milhas para encontrar um ritmo e uma consistência mínimamente decentes. Nesse estágio da carreira o melhor é acumular quilometragem e não fazer grandes besteiras. Tem estrela, pois poderia ter estreado na equipe Renault no ano passado, no lugar de Nelsinho Piquet, e já estaria esquecido, como o infeliz Romain Grosjean.
-Bruno Senna. Outro brasileiro que parece ser bem inteligente e articulado e que também pegou uma equipe estreante, e sem treino algum, para piorar. Considerando as circunstâncias, até que não fez feio e a tendência é melhorar. Limitado pelo equipamento e por não ter um companheiro de equipe experiente (ao contrário de di Grassi) que lhe permita sentir real evolução no carro. Como estréia, assinou o livro de presenças e só.
-Vitaly Petrov: o russo que de bobo não tem nada, uma vez que é o atual vice-campeão da GP2 ia bem em sua estréia, andando na frente de seu badalado companheiro Kubica, até ser traído pelo carro. Mas deixou boa impressão.
-Karun Chandok: o indiano, também vencedor na GP2, portanto longe de ser um "prego", não teve a menor oportunidade de treinar ou acumular algumas milhas a bordo do inacabado segundo carro da equipe Hispania. No total deu menos de dez voltas no final de semana todo, e parecia muito perdido. Terá tempo para se recuperar.
-Nico Hulkenberg: do qual eu mais esperava, e pela apresentação, a maior decepção. Acompanho a carreira do jovem piloto alemão há alguns anos e já o vi vencer na Formula 3, na A1GP, além de papar o título debaixo do nariz de pilotos bem mais experientes na GP2 no ano passado. Fez ótimos treinos, mas no final de semana bahrenita, não conseguiu superar seu vastamente experiente companheiro, Rubens Barrichello. De qualquer forma, ainda o mais promissor dos estreantes.
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