domingo, 18 de março de 2012

GP DA AUSTRALIA 2012: A CORRIDA QUE EU VI


Noite mal dormida, sono picadinho, expectativa grande. Talvez pela primeira vez desde 1972 eu perdi de assistir a um Grande Prêmio ao vivo. Sim, amigos, cochilei, depois dormi! Por sorte tenho a SportTV e logo cedo, antes mesmo de atingir a internet (que tentação!), eu consegui ver a corrida na íntegra, se bem que com algumas horas de atraso. Não importa, vi tudo e com atenção. Depois, resolvi não escrever na hora, preferi digerir um pouco o volume de sensações e conclusões represadas em minha mente durante os meses de entresafra.
De qualquer maneira, as Mclaren fizeram sua parte direitinho e parecem ter o bólido mais ajustado para a primeira parte da temporada. Algumas conclusões precipitadas que podem ter sido tomadas após as sessões classificatórias (sim, eu perco tempo em ler as opiniões de leitores de alguns blogs automobilísticos), como por exemplo, de que o Vettel só ganha corridas se tiver o melhor carro, caíram por terra rapidinho. É incrível o volume de torcedores que confundem paixão com conhecimento neste meio tão fascinante e ao mesmo técnico que é a Formula 1.
De qualquer maneira, na prova que eu assisti pude constatar algumas coisas: o nível técnico de pilotagem está bem elevado, a despeito da falta de testes. O nível técnico de engenharia está nas nuvens (vide as dificuldades que as equipes ditas "novas" — Marussia, Caterham e HRT — têm tido em alcançar a "rabeira" do pelotão intermediário), e o fato de termos seis campeões mundiais na ativa faz desta temporada uma ocasião muito especial nestes 63 anos de Formula 1!
Button— Há muito sou fã deste inglês simpático e despretensioso, que à exemplo dos bons vinhos, só melhora com o tempo. Quem diria que aquele garotão com espinhas na cara e cara de bebê chorão que estreou num longíquo ano 2000 ainda estaria na Formula 1, 13 temporadas depois, como protagonista, após ser quase defenestrado pelo caminho? Falando em Fênix, a ave que ressurge das cinzas, Button, o botão mais que veloz, me vem à mente de imeditato. Corridaço, ganho na largada e na parte do cérebro que está etiquetada "autoconfiança". Com um companheiro talentosíssimo, mas volátil psicologicamente como Hamilton, esta é a formula certa para se impor dentro da equipe, e por conseguinte, de forma geral. Nota 10.
Vettel— O bi-campeão sempre mostrou brilho, desde as corridas de berço nos corredores da maternidade. Para aqueles que teimam em ser detratores (deve haver algum nome para a patologia "odiar vencedores") "Chuck"  tem sempre a resposta. Seu currículo pesa demais, menos somente que o seu pé direito e as decisões certeiras de seu cérebro vencedor. \Insisto sempre na superioridade psicológica, pois pilotos têm companheiros de equipes, e estes precisam ser vencidos pela cabeça, sempre. Nota 9.
Hamilton— pilotaço com poucas falhas. Uma de suas fraquezas é o cordão-de-puxa-sacos que outrora também vitimou um promissor Barrichello. Seus problemas parecem ser mais de ordem extra-pista, dentro dela ele vai muito bem obrigado. Hoje foi superado por um inspirado e motivado Button e por uma parada de boxes inadvertida. Continua um dos favoritos ao título, ainda mais agora que a Mclaren achou o caminho das pedras. Nota 8,5.
Webber— Continuo a não gostar do canguru. Sei que é um cara decente, um piloto idem, mas falta-lhe algo. Fez uma corrida correta e a lá Reutemann, em seu dia, com o tempo e o vento favoráveis, a bordo do melhor  carro, com seu companheiro de equipe fora ou acometido por uma crise de desinteria, pode dominar a corrida. Do contrário, é um piloto mediando e só. Hoje em casa, ficou devendo. 7,5.
Alonso— Bela corrida, como sempre. Justifica cada euro que recebe da Ferrari. Chorão, egocêntrico, antipático, mas que piloto! Para ser um dos grandes tem que fazer o mesmo que Shumacher fez na década de 90:  montar sua equipe técnica e ganhar alguns títulos  a mais, pela Rossa. Em ritmo de corridas, um gigante. Nota 9,0.
Kobayashi—Resultado melhor que a corrida em si. Baita piloto, mas a aura de "mito" é um tanto exagerada. Novamente a Sauber parece ter encontrado uma boa formula de desempenho para o inicio do ano, que tende a decair com a falta de grana para desenvolvimento ao longo da temporada. Competidor nato, aproveitou-se dos infortúnios das bestas Maldonado e Rosberg para alcançar um festejado sexto lugar ao final. Mas andou atrás de "Checo" Perez, seu companheiro de equipe, que em virtude de um mellé na última volta perdeu posições. Este está cada dia mais próximo do assento de Felipe Massa na Ferrari. Nota 7,5.
Kimi— Sempre fui fã declarado do lacônico finlandês, bebum, calado, taciturno, talentoso, precoce e "to cagando-e-andando-para-o-que-falam-de-mim". Em seu retorno enfrentou problemas nos treinos, na corrida em termos de ritmo, e nem se abalou com a ótima posição no grid de seu companheiro, o insosso Grosjean. Nota 8,0.
Perez— Pilotou e pilota muito. Com mais maturidade e um carro melhor é sério candidato a vitórias e a títulos. Alternativa para os brasileiros torcerem para os próximos anos, porque se o Felipe Nasr não emplacar....nota 8,0.
Os outros: Vergné, que se pronuncia VergnÊ, seu Lito, afinal ele é francês, parece uma ótima pedida. Vamos esperar mais um pouco. Ricciardo também marcou seus primeiros pontos em casa, e sabemos que há potencial ali. Grosjean foi excepcional nos treinos e azarado na corrida. Parece ter voltado com vontade e um carro decente. Di Resta oportuno, conseguiu um pontinho para a fragilizada Force India, e tem um companheiro talentosíssimo, Hulk, que hoje pouco fez. Maldonado vinha em prova excelente e no final, colocou tudo a perder, bem ao seu feitio. Cabeça não foi feita apenas para portar os cada vez mais belos e sofisticados capacetes, senhor Pastor! Glock, Pic, Kovallainen e Petrov foram meros figurantes. Pena que o mesmo não pode ser dito de Massa e Senna, pois foram trapalhões de luxo, com atuações desastrosas e talvez a pior exibição coletiva de pilotos do Brasil num único Grande Prêmio! Puta façanha! Ah sim, e teve o Schumacher que pareceu estar em forma, mas foi traído pelo seu câmbio.

A classe de 2012: quantos vão terminar o ano matriculados?




2 comentários:

Ron Groo disse...

Sobre o Schumacher eu pensei... Que bom que cambios ainda quebram...

Marcos Masiero disse...

Só queria dizer que temos um ex-piloto com uma pancada na cabeça e um piloto pagante meia boca... Vide a corrida de seus respectivos companheiros de equipe...
Também queria dizer que se precisa parar de vender ao expectador a idéia absurda de que o problema do Massa é a Ferrari e que "se" acontecer de ser sacado da equipe será uma boa, como disse o Lito...
Estamos em contagem regressiva para o fim de nossa história na F1...