Já sei: sou apenas um pequeno-mísero-insignificante blogueiro do interior (litoral, melhor dizendo), distante de tudo e de todos e totalmente acometido pelos males da TC (teoria da conspiração). Concordo. Vejo complôs em quase tudo: gente desonesta na política (apesar de saber que isso é neura minha), manipulações em todos os aspectos da vida nacional petista (também acho que exagero), acho o tal de Mano (que nominho lazarento para um treinador da outrora gloriosa seleção nacional — mas concordo, Dunga é ainda pior) um perna de pau como treinador. Não consigo assistir a TV aberta e acho o queridinho de quase todos, Luciano Huck, uma farsa de dar dó. A falta de talento e criatividade parece um monstro enorme com mil cabeças nos assombrando e massacrando nesse início de século. Existe mediocridade na política, nos esportes, na literatura, na TV, na forma como resolvemos nossos problemas.
A Formula 1 é pródiga em sobreviver a si mesma. Explico: muitas vezes, acometida por problemas enormes, ganância, mau gerenciamento, inépcia, falta de visão, pareceu prestes a sucumbir, e tal qual a Fênix (nada original aqui), ela renasce das cinzas. Este ano pareciam ter achado a formula mágica: ao mexer em inúmeros itens dos regulamentos técnico e desportivo, pareciam ter trazido de volta as disputas por posições, ainda que de forma artificial. Assim, com o KERS, o DSR (as asas que se abrem e fecham quando há possibilidade de ultrapassagem na reta), e pneus que se derretem ao olhar, todos estavam felizes. Mas, não contavam com a astúcia do Adrian Newey, sempre apto a enxergar melhor as nuances de regulamento e a incrível forma de um teutônicozinho de meia pataca, feio como Chuck, o brinquedo assassino. Sim, Vettel, assim como Chuck, aterroriza as outras crianças no pátio da escola e teima em roubar para si os melhores doces e sair correndo para onde ninguém pode alcança-lo.
Depois de oito etapas com o domínio quase absoluto da Red Bull e de Vettel (seu companheiro Mark Webber parece um daqueles burocratas prestes a se aposentar e ganhar o famoso relógio de ouro da empresa), o campeonato estava em crise. Pois bem, com muitas ultrapassagens, poucos abandonos, nível técnico alto (inclusive em relação aos pilotos, pois poucas vezes na história tivemos pilotos de calibre tão alto competindo simultaneamente), a FIA precisava fazer algo. Mexeu novamente nas regras. Um item bastante complexo para os leigos como eu, a aceleração contínua (mesmo quando o piloto desacelera o carro) que produz gazes que vão em direção ao difusor, "apertando" o carro contra o solo, causando maior aderência e consequentemente maior velocidade nas curvas, foi questionada. Claro que quem melhor interpretou a regra foi a Red Bull, portanto o que melhor que punir os eficientes, para equilibrar o jogo? Parece o que fazem os nossos políticos tupiniquins: vamos punir a competência, taxar os que produzem, para equilibrar o jogo no bananal! — mas isso é outro papo.
Voltemos portanto ao que interessa: e o que interessa, senhoras e senhores, é que no pós corrida as manchetes dos sites, dos noticiários de tevês e revistas ao redor do globo mostrassem emoção! Sim, emoção, ainda que tão artificial quanto trabalho em Brasília, mas para enganar os trouxas. Na corrida, Vettel pareceu ignorar as admoestações para que NÂO vencesse de novo, bad boy. No, no no. Chuck malvado, deixa as outras crianças brincarem um pouco. Chega de alemães estraga-prazeres. O último deles, "Dick Vigarista Schummy" foi reencarnado e está devidamente pagando seus pecados, arrastando-se nos pelotões "da merda" da vida para sempre. Vettel, apesar de "apenas" em segundo lugar no grid, pulou a frente do senhor-quase-aposentado a sua frente e não tomou conhecimento da chuva, dos adversários, dos muitos ingleses bradando imprompérios e de tudo o que acontecia atrás de si.
Atrás, a corrida até que ia bem. Mas o script não estava perfeito, pois nada adianta ter um corrida com duas mil e trezentas ultrapassagens, oito capotagens, se o vencedor final for o mesmo. As manchetes, cada vez menores, por falta de originalidade, mostrarão apenas o carro de Vettel recebendo a bandeirada em primeiro.
É aí que entra a teoria da conspiração: Bernie vigarista soprou para alguém criar um fato desestabilizador. Distraídamente, ligaram para São Pedro para implorar por chuva. Este, aborrecido no céu, estava a assistir a corrida e soltou alguns nada apropriados palavrões, dizendo que já tinha feito a sua parte! ( quase sempre uma chuvinha providencial resolve estas paradas) O recurso então foi Jones. Jones, para quem não conhece é um dos rostos que está estampado hoje (acho que pela última vez) no topo do capacete de Vettel, que a falta de idéia melhor (e uma namorada boazuda) resolveu homenagear seus mecânicos. Jones é o típico inglês: gosta de fish and chips, é canhoto, branquelo, já foi de uma banda de rock e quando vem ao Brasil, uma vez por ano se esbalda ao comer picanha. Pois bem, ele também tem outro hábito: joga em cavalos e perde muito. Deve uma grana para um cambista de Croydon, e este resolveu sequestrar sua mãe, única parente conhecida de Jones, em troca da dívida. Desesperado, foi trabalhar pensando em como se aproximar de Mister Didi, o dono da Red Bull e pedir um vale, nem que fosse em latinhas de energéticos, para poder resgatar sua genitora. Não contava, no entanto, com a mensagem deixada por Bernie, para que fosse visitá-lo, ANTES da corrida. Obedeceu. O baixinho tem o maior Motor-home do paddock e o recebeu a sós. A conversa foi breve e concisa, e a oferta não deixava dúvidas: caso Vettel estivesse liderando a corrida, Jones teria que fazer alguma merda para atrasá-lo, e em troca, sua dívida com o cambista seria perdoada e sua mãe voltaria para casa sã e salva. Quem pode condenar o pobre Jones?
Esta é a verdadeira história secreta do Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 2011.Quem duvidar, que conte outra!
2 comentários:
Um belo texto em que a ficção se mistura com a realidade!Parabens!
Ótimo Cezar!!!
Um abração
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