Arturo Merzario, grande, grandíssimo: onde ele estaria na Formula 1 de hoje? |
Se eu gostei da corrida? Gostei sim, mas o aspecto mais interessante foi ver Vettel fora do pódio após um longo e tenebroso inverno em que "Chuck" se tornou onipresente nos degraus vitoriosos de cada GP. As regras mudam, mas a supremacia dos rubrotaurinos ainda é grande e apenas incidentes e circunstâncias fortuitos de corrida podem prever vitórias de outras equipes, ou seja, estão ali para pegar as migalhas. De qualquer maneira, um grid que conta com as ilustres presenças de Alonso e Hamilton, principalmente (não nos esqueçamos de Button e sua majestosa vitória no Canadá), pode sim, produzir um vencedor diferente.
De qualquer maneira, estratégias a parte, bons pilotos sempre vão produzir boas performances. Com todas as reclamações e queixas que leio por ai de torcedores desavisados, repito: temos uma safra ímpar de pilotos em atividade, carros que raramente quebram e espetáculos dignos de serem chamados Grandes Prêmios. Para os saudosistas que não "estavam lá", nos anos sessenta, principalmente, e setenta, você torcia por um piloto, digamos Wilsinho, ele vinha em terceiro em Mônaco numa Brabham meia-boca, faltando cinco voltas para o final da prova e o carro.....parava! Por pane seca! Aí você torcia por um Arturo Merzario, bravíssimo piloto italiano que chegou a pilotar para a Ferrari em seus piores dias, e para a Williams quando era pior que hoje em dia, e fez grandes apresentações. O cara "espetava" um Iso Marlboro (uma das muitas denominações dos calhambeques produzidos por Sir Frank no início da década de 70) num terceiro lugar do grid em Kyalamy, África do Sul (belo autódromo) e não chegava nem a metade da prova, pois as corridas não eram tão profissionais, peças baratinhas quebravam a toda hora e o torcedor se frustrava. Hoje com toda a telemetria, Fernando Alonso sabia que se completasse a volta de desaceleração pós-corrida, seu carro seria provavelmente desclassificado por estar minimamente abaixo do peso (a coisa é milimetricamente calculada), portanto preferiu deixa-lo ao lado da pista e voltar aos boxes de carona na "carlinga" de Mark Webber!
O que quero dizer é que resultados inesperados, como por exemplo, uma das três equipes nanicas marcarem pontos, são praticamente impossíveis, mas por outro lado, as disputas são mais honestas, porque os pilotos podem contar com a resistência de seus bólidos.Quantas vitórias o Chris Amon deixou nas mãos de seus concorentes por falta de sorte ou fragilidade de seus carros? O próprio Emerson deixou de ganhar corridas ganhas por defeitinhos que hoje teriam sido detectados por telemetria e corrigidos a tempo. Os resultados de hoje me parecem portanto mais adequados ao estágio de investimento e desenvolvimento tecnológico das equipes e da capacidade dos pilotos. A Red Bull, lembrem-se, teve que investir muito em seu plantel técnico para obter a atual supremacia, e se o "xoxo" David Couthard ainda fosse seu primeiro piloto, duvido teria ganho mais que duas ou três corridas no período em que Vettel ganhou 15.
Tendo dito isso, rápidos comentários sobre os pilotos na corrida de domingo último:
1- Hamilton - sou fã e fez um corridaço, apesar das recentes polêmicas sobre sua agressividade. Agressivo ou não, sabe "ler" uma corrida e aproveitar as circunstâncias a seu favor.
2- Alonso- Mais uma vez provou porque é considerado o melhor de sua ótima geração. Corrida na base do braço, estratégia e personalidade.
3- Webber - Sempre fica a sensação de que ficou devendo.E com o "foguete" que tem nas mãos, chegar apenas em terceiro,realmente não é muita coisa.
4- Vettel - Uma corrida menos inspirada que outras, menos pela largada. O título já está ganho, talvez tenha começado a administrar a enorme vantagem.
5- Felipe Massa - O que dizer do baixinho de Botucatu? Sempre foi um piloto rápido, combativo, mas a mera presença de Alonso no time está deixando-o numa perspectiva muito desfavorável. Ia certamente chegar em quarto, mas os mecânicos fizeram lambança na última parada, em sincronia com Vettel que o ultrapassou nos boxes. Mesmo assim, o tempo perdido no início da prova atrás de Rosberg talvez seja a resposta da colocação final.
6- Adrian Sutil- Fez a sua melhor corrida em muito tempo, resgatando um pouco de sua abalada reputação, desde a chegada de Paul Di Resta ao time. Paradoxalmente, apareceu pouquíssimo na transmissão de TV, talvez por ter tido prova tranquila.
7- Nico Rosberg - Uma das minhas birras da Formula 1 atual: muito badalado, combativo as vezes, mas não passa de Nico Rosberg, uma espécie de Ricardo Patrese ou Thierry Boutsen, sem vitórias no currículo. Bater um velho e errático Schumacher não parece ser tão difícil afinal, mas eu posso estar errado e o "Barbie face" ser bom de verdade. Por enquanto, eu não acho.
8- Schummy - Prova combativa, errática, colorida. O tiozão está se divertindo e faz bem: seus recordes provavelmente jamais serão batidos e uma hora dessas ele se cansa de novo e volta aos braços da bela Corinna.
9- Kobayashi - Bom piloto, irregular às vezes, mas combativo sempre. Largando atrás fez boa prova de recuperação e o bom carro da Sauber que não desgasta demais os pneumáticos da Pirelli ajuda.
10- Petrov- Continua a me surpreender positivamente. Jamais será um superstar, mas merece com folgas estar na categoria.
Os outros? Comento outra hora. Mas o ponto que queria fazer é esse: está difícil marcar pontos na Formula 1 atual. Chegar em décimo hoje é mais trabalhoso que em sexto na década de setenta, quando apenas os seis primeiros pontuavam. Sinal dos tempos, da tecnologia. E continuamos a reclamar.....
Um comentário:
Muito bom Cezar!
Era e sou fã do baixinho italiano, a Ferrari nunca lhe deu uma oportunidade séria só pilotou tranqueiras.
Um abraço
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