Me lembro que na década de setenta um jovem e esforçado chefe de equipe, literalmente "vendia o almoço para comprar o jantar", Frank Williams, e eu nutria enorme simpatia pela sua quixotesca equipe. Pilotos que eu admirava pela combatividade, pelo cavalheirismo, esportividade e outros atributos, faziam parte da equipe de então jovem Frank Williams. Eu sempre gostei de Henry Pescarollo, gostava imensamente de Carlos Pace, Arturo Merzario sempre foi um dos meus ídolos da juventude, Jacky Ickx, Howden Ganley (a quem, muitos anos mais tarde eu vim a conhecer pessoalmente), Tony Trimmer como piloto de testes (esse eu conheci bem, trabalhamos juntos), Jacques Lafitte deu suas primeiras voltas a borda de um Williams.
Em 1976, Frank encontrou um patrocinador/investidor apaixonado, um rico empresário do ramo petrolífero, aústriaco de nascimento, naturalizado canadense, Walter Wolf. Pois bem, Wolf entrou na equipe como patrocinador, comprou algumas ações e eventualmente tomou o controle de toda a operação. Frank Williams saiu da equipe de forma não muito amigável e ficou alguns meses afastado, até que um bem patrocinado piloto belga (o boa gente Patrick Neve) com alguma grana de uma cervejaria, possibilitou a compra de um chassis March e uns motores Cosworth, e shazam! a equipe Williams voltava a investir.
Vejam a ironia do destino: esta semana foi anunciado que Frank Williams e seu sócio (e engenheiro responsável) Patrick Head, venderam parte de suas ações na equipe Williams (hoje um nome consagradíssimo, tendo vencido várias vezes os campeonatos de construtores e pilotos nos últimos 30 anos), para um investidor aústriaco de nome....Wolf! Esse tal de Totó Wolf é bem jovem, parece que fez fortuna com uma empresa de informática e aquiriu uma considerável fatia das ações da equipe.
Há 30 anos atrás a equipe mudou de nome para Wolf Racing, contratou Jody Scheckter para o campeonato de 1977, venceu na estréia na Argentina, conseguiu mais duas vitórias ao longo da temporada e por pouco, não faz o que a equipe Brawn fez este ano, ou seja, sagra-se campeão logo no primeiro ano. Subsequentemente, Walter Wolf perdeu interesse e gás, e acabou vendendo a equipe para os Fittipaldi, que estavam interessados no bom projetista, o falecido Harvey Postletwaithe, e de lambuja, levaram o então piloto, Keke Rosberg. Como escrevi isso tudo de memória, sem consultar nenhuma fonte, espero que as informações estejam corretas.
De qualquer forma, há que se torcer por um homem que tem a força e a determinação de Frank Williams, preso numa cadeira de rodas há mais de três décadas e cujas conquistas são enormes, tanto no plano pessoal, quanto no esportivo!
5 comentários:
Parabens Cezar , tambem sou fã de Sir Frank , apaixonado pelo que faz , sério e capaz . Para uma homenagem bonita como a sua detalhes são meros detalhes .
Bom dia, Cezar.
O Toto e parente do Walter? Ambos Wolf, austriacos...
bem lembrado, coincidentemente eles tem sobrenome wolf. Bem pelo menos, Frank Williams está vacinado contra Wolfs....
Cezar,
Como vc, tb não fiz consulta alguma e a única informação que com meu pequeno conhecimento sobre a F1, posso discordar é no tempo que Sir Frank esta preso na cadeira de rodas. Acho que são uns 23 ou 24 anos e não trinta como vc escreveu.
abs
Sempre simpatizei muito com Frank, é das pessoas que mais considero e respeito na F1, a par do ex-médico chefe Sid Watkins... dois senhores que muito deram e/ou dão à F1.
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