domingo, 28 de junho de 2020
Décimo dia (pulei ontem, estava cansado, rs) do desafio proposto pelo amigo Roberto Martinez de apontar os dez pilotos que mais influenciaram o meu amor pelo automobilismo. A ideia era postar fotos sem explicações, mas isso não seria eu. Gosto de substanciar minhas escolhas pessoais em bases sólidas. Admirei muitos pilotos ao longo dos anos que sigo automobilismo. Desde a remota década de 60, com os pioneiros brasileiros, os irmãos Fittipaldi, Marinho, Pace, Luisinho, Lian Duarte, Chiquinho Lameirão, Bird Clemente, Celso Lara Barberis ( que eu não vi correr mas era admirado por meu pai), e tantos outros pioneiros. Os estrangeiros, Clark, Hill, Bandini, Gurney, Stewart, Rindt, Mclaren, Amon, Hulme, Surtees, são muitos os heróis daquela época. Veio a década de setenta e eu continuava ali grudado, sonhando em um dia poder competir também, o que, convenhamos, era um sonho quase impossivel para um menino pobre do singelo interior do Estado de São Paulo, filho de mãe professora e pai mecânico. Enfim....sempre admirei aqueles que superaram as muitas dificuldades colocadas em seu caminho e fizeram acontecer. Em meados da década de 70, o Brasil viveu um período bastante próspero em termos de automobilismo. A Volkswagen apoiou uma nova categoria que foi transplantada por aqui, a Formula Super Ve e havia vários fabricantes, diversas equipes, novos pilotos e patrocinadores. Lembro de uma forte equipe com o piloto Ingo Hoffman e a direção técnica de ninguém menos que Wilsinho Fittipaldi e Ricardo Divilla - como um side project da construção do Copersucar, o primeiro Formula 1 brasileiro. A equipe contava com um carro da marca Kaimann, austríaca. Havia Chiquinho Lameirão, Julio Caio, Bejamin Rangel, os irmãos Di Loreto, Milton Amaral, Newton Pereira, enfim, um monte de feras. Dentre eles, um jovem piloto de Brasilia, desconhecido por mim, com um esquema extremamanente modesto, Nelson Piket. Seu carro era um Polar, ele transportava o equipamento e o carro todo a bordo de uma velha Kombi. Fui assistir á última etapa daquele campeonato de 1974 em Interlagos e o campeão, surpreendemente foi o competente Marcos Troncon, que havia perdido as primeiras etapas do campeonato. Mas um piloto em particular me marcou: o tal Piquet! Nos dois anos seguintes continuei a seguir a carreira daquele candango calado e competente. Em 1976, com soluções técnicas interessantes e o bom patrocínio da Gledson ele foi campeão brasileiro com sobras. Eu também estava lá em Interlagos. No ano seguinte, graças ao apoio de alguns amigos ele rumou praticamente sozinho para fazer a temporada européia de Formua 3. Comprou um carro da March e um velho ônibus. Acabou trocando por um chassis Ralt e os resultados melhoraram bastante na segunda metade do ano, chegando a ganhar duas corridas. O problema é que a imprensa brasileira deu muito mais destaque aos resultados do paulista Chico Serra na Formula Ford inglesa que aos resultados de Piquet. Renovou seus patrocínios e se mudou da Itália para a Inglaterra. Seu raciocínio era simples: já que Serra tinha a atenção da imprensa especializada brasileira, o correto era enfrentá-lo e derrotá-lo. E foi o que fez com competência ímpar: com sua modesta equipe própria, fazendo experiências mecânicas interessantes, ainda com o seu chassis Ralt do ano anterior, Piquet derrotou a concorrência (Serra e Derek Warwick, inglês talentoso e bem patrocinado) com sobras. Antes do final do ano, foi sondado por algumas equipes de Formula 1 e fez sua estréia no GP da Alemanha a bordo de um modesto (mas lindo) Ensign. Depois, fez três provas por uma pequena equipe indepentente, a BS Fabrications, que tinha um velho chassis Mclaren M23 de cinco anos de uso. Impressionou a quem interessava: Bernie Ecclestone, o dono da Brabham que contava com Niki Lauda em seu primeiro carro. Estreou no Canadá e nem se preocupou com os termos do primeiro contrato: queria correr. NO ano seguinte, a bordo do Brabham ainda com o beberrão motor Alfa Romeo, superou seu badalado companheiro com certa frequência e quando este abandonou a carreira (voltaria mais tarde para ganhar mais um campeonato com a Mclaren), foi promovido a primeiro piloto. Vice campeão em 80, campeão em 81, ano de desenvolvimento dos possantes motores turbo da BMW em 82, campeão novamente em 83, Piquet ganhava e sobrava, na pista e nos acertos técnicos. Transferiu-se para a melhor esquadra a Williams em 86, mas sofreu muito com a preferência da equipe por seu outro piloto, Nigel Mansell, superando a todos para ganhar seu terceiro título em 87. Depois transferiu-se para a Lotus, e encerrou a carreira na Benetton em 91, tendo vencido algumas corridas, como o memorável GP do Japão de 1990 onde foi o primeiro com seu amigo e compatriota Roberto Pupo Moreno fechando uma inesquecível dobradinha brasileira . Admiro-o por ser ele mesmo, vencedor, sem jamais ter que se render ao sistema. Subsequente carreira como empresário vitorioso, onde teve que remar novamente para obter sucesso, mostra a fibra de que é feito! Este é sem dúvida um piloto admirável e um ser humano diferenciado! Nomeio meu novo amigo Leandro Leonardo Bandeira Verde para continuar a brincadeira! 10/10
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