segunda-feira, 14 de setembro de 2009

PONDERAÇÕES POSTERIORES, OU PAPO DE SEGUNDA FEIRA





Corrida em Monza é sempre bom. Fuçando fundo na memória, meu primeiro herói a vencer em Monza foi o impagável Ludovico Scarfiotti, de vida curta, carreira irregular, mas fascinante. Depois vem uma memória triste, a morte de Rindt em 1970. Meu pai era torcedor do aústriaco, e nem sei por que razão, meu pai nunca gostou do Clark (aliás sei, tem a ver com o acidente que vitimou Wolfgand Von Trips, com Ferrari rumo ao título, em Monza, onde mais, em 1961). Pois bem, em 64/65 Clark era o bicho papão na Formula 1, mas na Formula 2 (sim, naqueles tempos românticos os pilotos não ganhavam salários milionários e nem jatinhos de seus papais - precisavam correr em outras categorias para abiscoitar "algum extra"), havia uma aústriaco feio para danar, com o nariz de boxeador, Jochen Rindt, que dava um calor danado nos ases da Formula 1. Por isso, quando ele morreu naquele dia de setembro de 1970 em Monza, eu fiquei muito triste.
No ano seguinte, 1971, Monza teve uma corrida de gala com pilotos coadjuvantes. Já postei o videozinho da chegada aqui, com os cinco primeiros separados por uma piscadela (sem beliscões, pois seriam então todos Leonardos Patacas). 1972, festa suprema para o automobilismo brasileiro: vitória de Emerson com carro reserva, primeiro título e muita festa naquele tempo de Brasil varonil, "ame-o ou deixe-o". A ditadura era atroz, mas o que sabia dela um garoto de 12 anos? Hoje a democracia é a aspiração de todos, mas poucos realmente se privilegiam dela, e nosso pobre varonil rincão continua a ser um paraíso para poucos. Aqueles que têm estrelinha vermelha no peito - credo!
De lá para cá Monza viu algumas batalhas épicas, acidentes (quem se esquece daquele sensacional e periogosa cambalhota protagonizada por Christian Fittipaldi com sua Minardi na linha de chegada em 92?), e muitas vitórias brasileiras. Piquet venceu lá, Senna idem, Rubinho ontem pela terceira vez.
Em relação á corrida de ontem, a estranhar durante a narração da emissora chapa branca, o silêncio quase total sobre o Renaultgate. Podem argumentar que foi Reginaldo Leme quem divulgou o caso em primeira mão e etc, mas não falar nada? Sei que todo mundo tá de saco cheio dessse assunto, mas também estamos de saco cheio do mensalão (quem se lembra?) e no entanto, precisamos continuar investigando e punir os eventuais culpados.
Uma notinha sobre outros pilotos brasileiros: Antonio Pizzonia estava em Monza e ao ser entrevistado por Mariana Becker disse ter propostas de mais de uma equipe de Formula 1 para a próxima temporada. Sempre achei Pizzonia bom piloto, até chegar a Formula 1 e ser destruído psicologicamente pelo "canguru papudo" Mark Webber na Jaguar. Na Williams teve suas chances, mas não fez bom proveito delas. Resta a esperança, que mais maduro, consiga mostrar seu inegável talento, caso se concretizem seus planos de voltar.
Na GP2 o alemão Hulkenberg consolidou seu título por antecipação, frustrando aqueles que esperavam um passeio de Lucas di Grassi. Repito o que já escrevi aqui: Bruno Senna foi inteligente em não repetir mais um ano (seria o seu terceiro) na GP2, pois di Grassi em seu quarto ano na categoria tinha a obrigação de ser campeão, e qualquer coisa menos que isso é frustrante. Na Formula BMW a confirmação que temos mais um jovem que caminha a passos largos rumo ao topo: Felipe Nasr, da dinastia dos irmãos Nasr de Brasília sagrou-se campeão da competitiva categoria européia, e ele tem apenas 17 anos de idade! A vitória na corrida curta daGP 2 a propósito, foi de Luiz Razzia - a quem eu critico aqui nesse espaço pelos exageros de seu assessor de imprensa, que divulga literalmente cada "pum" emitido por seu cliente. Ontem, mandou bem, e vencer em ano de estréia é bom, especialmente após os problemas enfrentados pela Equipe Coloni na Bélgica, onde tiveram seus equipamentos apreendidos pela polícia e não puderam participar. Parabéns ao Razia, portanto.
Tem mais, eu volto depois.

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