quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

UM DAVI CONTRA MUITOS GOLIAS!

Entrevista com Cesar Ferro, piloto do fusca speed nas 500 milhas de Londrina

Cesar Ferro, ou "Cesar Speed": o David que encara os gigantes!


Desde que me conheço por gente, não posso evitar, gosto dos pequenos que não têm medo de encarar os gigantes. Não por acaso, um de meus livros de cabeceira é “Dom Quixote”. Sempre torci pela Osella, pela Minardi, pelas Conews e Trojans da vida. Quem tem mais que quatro décadas de vida há de se lembrar das pequenas e valentes equipes que fizeram parte da Formula 1. Pensar que a francesa AGS tinha apenas oito (8!) pessoas no seu staff e ainda assim conseguiram pontuar (com o glorioso Roberto Pupo Moreno, outro David que enfrentou e derrubou muitos, muitos Golias!). Além dos muitos pontos de exclamação até aqui, o que quero mesmo ressaltar é minha incontida admiração por esses valentes, que mesmo sabendo de suas escassas chances de êxito, não desanimam e desafiam as probabilidades contrárias. Talvez isso seja mesmo alguma metáfora de vida, onde os obstáculos às vezes nos fazem desanimar, de tão grandes, mas podem e devem ser encarados. O sucesso também é relativo e, enquanto alguns “experts” brasileiros consideram as carreiras de pilotos como Rubinho Barrichello e Felipe Massa fracassos, e eu certamente não estou entre esses, só o fato de um piloto se qualificar para pilotar um Formula 1 é visto por muitos como um grande feito (eu estou entre esses).
De qualquer maneira, uma das matérias mais preciosas em minha memória é uma reportagem da revista “Placar” se eu não me engano, do Jader de Oliveira, cobrindo as “24 horas de Le Mans”, ano provável de 1973, que retrata um piloto francês, amador ao extremo, que com muito sacrifício adquiriu um velho carro Porsche e, com a ajuda de amigos, participou da edição daquele ano da mítica prova, um sonho que acalentava desde a infância! Ler aquilo aos 13 anos de idade causou profunda impressão em mim, parecia uma premonição. Eu que sempre desejei ser não apenas piloto, mas quiçá um campeão mundial, fui aprender com o tempo que as coisas não são assim tão simples. Mas essa é outra história. História boa mesmo, tem o Cesar Ferro, piloto da simpática Londrina, que competiu com um singelo Fusca da categoria speed nas 500 Milhas de Londrina, contra protótipos potentes, Maseratis, um Cobalt com 600 cavalos de potència e até uma Ferrari!

O valente fusquinha da categoria speed ao lado do protótipo spyder com Beto Borghesi ao volante

Pela primeira vez fui assistir “in loco” e, confesso, adorei. A organização fica a cargo do competente trio formado por Beto Borghesi, Aloysio Moreira e Daniel Procópio. Devo também agradecer ao Vitor Garcia pela gentileza em nos ceder as credenciais de boxes. Dentre todos os bólidos presentes, o que mais me chamou a atenção, como não poderia deixar de ser foi o humilde e valente fusca. Procurei me informar um pouco sobre o carro e seus pilotos e acabei fazendo amizade (virtual por enquanto) com o simpático xará, Cesar Ferro. Abaixo um pouquinho de sua história:

Fittipaldionline: Fale um pouco sobre você, uma minibiografia!

Cesar Ferro -  Sou casado, há 24 anos com Roselene M.Ferro, que sempre me apoiou, tenho 3 filhos, Matheus, Isabella e Pedro e por incrível que pareça minha mãe de 72 anos apoia e estava lá nas 500 milhas, D.Dirce Bernini Ferro. Sou representante comercial há 30 anos no ramo farmacêutico, tenho 50 anos de idade.
O fusca em ação. Foto de Marcus Vinicius.

Fittipaldionline: Quando e como começou a se interessar por corridas de carro?

Cesar Ferro -Desde muito novinho, sempre adorei carros, e todos carros do meu pai que ele comprava eu queria ver o quanto corria, fazia corridas com meus carrinhos, enfim, acho que brotou daí este gosto, com 15 anos comecei a frequentar a pista oval de terra que tinha aqui em Londrina ,corridas de Hot Dodge, era o máximo e me via sentado naqueles foguetes,  com 18 já trabalhando desde os 14,comprei uma motoca, mas queria um carro, meus pais me ajudaram, comprei logo um maverick v 8 que só andava nos fim de semanas, pois tinha que ir trabalhar de ônibus pra ter gasolina pros rachas na via expressa, mudei para um opala 250S, e continuei a fazer rachas. Em 1992, com a inauguração do autódromo, comecei a alimentar o Csonho de criança, vi grandes corridas, Copa Fiat, formula3, formula Ford, Stock Car, Copa Corsa, Paranaense de velocidade e  a vontade só aumentando. Em 1994 me mudei pro berço das corridas de carro no Paraná, fui morar em Cascavel. Morei por 5 anos e voltei pra Londrina no final de 1999, com idéia fixa :vou comprar um Speed Fusca ,fui ver o preço, nao dava, mas o Ernesto "Gardenal"Pivaro, me fez entrar neste vicio, me vendeu em 10 vezes o   Speed e ai começou tudo!

Fittipaldionline: Fale um pouco de sua relação com a prova “500 Milhas de Londrina”.

Cesar Ferro -Corri a primeira vez em 2001 ,me apaixonei pela prova, corrida diferente das curtas, usa-se cabeça, estratégias são mudadas a todo instante, equipe corre com você dentro do carro, enfim, esta é a prova!  Para 2018 ,já estamos projetando, falei pro meu parceiro: vamos fazer UBER juntos...kkkkkk lembrando que esta foi a minha quarta participação ,meu parceiro estreou e também foi picado pela prova longa.

Fittipaldionline: A sua participação foi marcante e heroica. De pessoas como você é que se faz automobilismo de verdade. Que tipos de conselhos você daria a alguém que não tem muitos recursos, mas mesmo assim, quer correr?

Cesar Ferro - Confesso que estávamos ansiosos e preocupados, sem dinheiro, fui pro UBER ,7 meses trabalhando a noite e fim de semanas, amigos cotizaram em grupos de whatss up, levantando um grana pra nos passar, nosso carro precisava revisar, fizemos meia revisão, carro estava feio com alguns amassados de corridas anteriores, mas teve que ir remendado, se arruma não tinha verba pra fazer as 500, conseguimos um bom patrocínio com empresa Oral Sin Implantes dentários, mas faltava ainda, mas tínhamos apoio da família e amigos e tínhamos tudo contra também, mas no final estávamos no grid ao lado de Ferrari, Masseratis, Protótipos rápidos, Cobalt V8,na volta de apresentação eu GRITAVA DENTRO DO CAPACETE " TO AQUI PORRAAA,EU ACREDITEI,CA........."Digo, quem quer correr e não tem condição, sei que não é fácil a começar pela vestimenta, capacete, comprar ou alugar um carro, treinar, fazer sua carteira, enfim eu sabia disto, mas comecei correndo com capacete de moto, macacão de kart, carro comprado em 10 prestações, nunca treinava, não tinha grana, guardava pras corridas, tenha o principal, vontade, foco e muita coragem, pois você pode não ter apoio de família e tudo joga contra você, mas seu sonho é só seu, vá atrás ,dele e seja feliz, não levamos nada desta vida, viva hoje.

Fittipaldionline: Quais são seus hobbies?

Cesar Ferro-  Não tenho hobbies, mas sou uma pessoa que adora esportes, sou karateca ,faço treino funcional, adoro estar com minha família ,vida regrada, sem muitas badalações.

Fittipaldionline: Quais são seus planos em automobilismo?

Cesar Ferro-Planos são poucos, queremos correr o metropolitano, porém, logo de cara, teremos que gastar uns 6 mil na máquina e queremos correr as 500 milhas.

Fittipaldionline: Já teve, e se sim, quais foram ou são seus ídolos em automobilismo ?

Cesar Ferro-NELSON PIQUET!

Fittipaldionline: Fique a vontade para acrescentar algo que julgue relevante

Cesar Ferro- Quero só agradecer, pois to me sentindo importante kkkkkkkkkkkk só quem nos conhece e fundo, sabe o que fizemos pra correr e vamos ter que continuar a fazer..... muito feliz e lisonjeado em ter feito esta entrevista com você e  uma nova amizade no automobilismo que ganho, grande abraço !!
OBS: MEU PARCEIRO ,MEU AMIGO,MEU IRMAO MARCELO RAMPAZZO,FALEI POUCO DELE,MAS
 ELE TOCOU MUITO BEM,SOU GRATO POR ELE SER MEU PARCEIRO!!




quarta-feira, 29 de novembro de 2017

500 MILHAS DE LONDRINA : IMAGENS

Caio Cezar Fittipaldi e Cezar Fittipaldi.
Os grandes vencedores da prova, minutos antes da largada, protótipo Tubarão com a dupla de pai e filho, Jair e Duda Bana.
Parte de nossa equipe: o fotógrafo Fernando Ribeiro, Cezar Fittipaldi, texto e outras cositas, e Antonio Manoel, motorista e guia.
Uma prova bem organizada, um povo acolhedor e civilizado, um autódromo pequeno mas bastante honesto e um monte de gente que gosta de corridas de carros: eis a formula para o sucesso. Uma prova que chega à sua vigésima sexta edição, não ocorre por acaso. Muito trabalho, muito planejamento e principalmente, muito amor ao esporte motor. Na contramão de um país que anda de lado, com tanta coisa errada e com as autoridades, inclusive as desportivas, que apenas pensam em seus próprios umbigos, o evento é um sucesso. Automobilismo de raiz, feito por gente como a gente. Parabéns, novamente, e obrigado pela acolhida. Em 2018 esperamos voltar!
Visão parcial do grid momentos antes da largada.

Ensinando o padre nosso ao vigário? O grande Rodrigo Mattar, ilustre presença na prova pela terceira vez consecutiva.
Os pilotos em tradicional foto de grupo antes da largada.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

TA CHEGANDO: 500 MILHAS DE LONDRINA!

Depois de alguns anos de espera, finalmente o nosso blog (humilde e simples) fará sua primeira cobertura "in loco" - não confundir com o loco! Estaremos presentes na Vigésima sexta edição das 500 Milhas de Londrina. Com as corridas de endurance recuperando fôlego no Brasil, apesar de todos os pesares, devemos valorizar aqueles que fazem, e bem feito, dentro das adversidades. Parabéns aos organizadores, participantes e apoiadores do sofrido esporte motor brasileiro!


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

SIMPLESMENTE IMPERDÍVEL: O LONGAMENTE ESPERADO VÍDEO SOBRE FRANK WILLIANS!

Dizem que quem espera alcança o que que: pois bem, desde que foi anunciado, acho que há uns dois anos atrás, eu aguardava ansiosamente pela oportunidade de assistir ao vídeo sobre Sir Frank Willians, a quem muito admiro, e sua equipe. A trajetória daquele que é para mim e muitos o que a Formula 1 representa e nunca deveria deixar de ser: o garagista fanático, o sujeito que suja as mãos de graxa, que pega no volante da Van, que corre atrás de patrocínios, que amarra os radiadores laterais com arame, que vende a alma (literalmente) para manter-se no grid. Maravilhoso. O que eu não esperava era poder compartilhar o vídeo aqui para meus amigos-leitores. Eu já assisti. E vou assistir mais muitas vezes, certamente. Divirtam-se!

segunda-feira, 31 de julho de 2017

24 HORAS DE SPA: SHOW DE GRID. MELHORES MOMENTOS

A incrível variedade e abundãncia de super carros é de encher os olhos. 63 carros largaram para uma das mais tradicionais provas de endurance do mundo!



domingo, 30 de julho de 2017

OS MELHORES MOMENTOS DO GP DA HUNGRIA DE 2017

OK, vamos admitir: não foi lá uma grande prova. Mas, deu para o gasto e também trouxe um pouco mais de graça ao campeonato. Pelo menos dois pilotos de duas equipes diferentes estão em franca batalha pelos pontos que devem conduzi-los ao aumento de seus respectivos cartéis.





A MELHOR FOTO DA PROVA DE HOJE

Com a prova (boa) da Hungria terminada, tudo o que deveria ser escrito o foi, de forma competente ou não por sites e blogs. Me deparei com essa foto e achei interessante, para ilustrar o vento que varre a Europa central nessa época do ano.


FINAL DE TRANSMISSÃO 500 KM DE INTERLAGOS

Òtima transmissão do site Endurance Brasil da prova 500 Km de Interlagos!

terça-feira, 18 de julho de 2017

QUARENTA ANOS DE RENAULT NA FORMULA 1

O duro das comemorações destas efemérides é quando você percebe o quanto se lembra delas, mesmo que 40 anos já se passaram! Melhor curtir e não pensar no cronos.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

RARIDADES DE ONTEM: CORRIDA DOS CAMPEÕES, iNGLATERRA, 1973.

Apesar do áudio em inglês (dá para colocar legenda, também no idioma de Sua Majestade), este video me remete aos bons tempos em que tínhamos corridas de Formula 1, não válidas para o Campeonato Mundial. Eram corridas mais descontraídas com o objetivo de testar carros, equipamentos e até novos pilotos, sem a pressão e o glamour do mundial. Observem a simplicidade dos boxes e dos Paddocks da época. Detalhe, foi a estréia da equipe Hesketh com o jovem cabeludo James Hunt. E também de meu amigo Tony Trimmer com um carro da mambembe equipe Williams.
Assistam!

domingo, 9 de julho de 2017

ENTENDENDO UM CARRO DE FORMULA 1 POR DENTRO.

Este vídeo não é novo, mas vale a pena assistir para termos uma pálida ideia da complexidade de um carro de Formula 1 moderno.

sábado, 8 de julho de 2017

sexta-feira, 7 de julho de 2017

MAL POSSO ESPERAR: O DOCUMENTÁRIO DA HISTÓRIA DA EQUIPE WILLIAMS

Há algo de quixotesco na figura de Sir Frank Williams, apesar de todo o sucesso que ele obteve como dono e chefe de equipe de Formula 1. Um homem ímpar, sem dúvida, a quem tive a honra de conhecer pessoalmente e também conhecer pessoas que com ele conviveram de forma mais próxima. Um sonhador, um visionário, um persistente Dom Quixote britânico. Espero ansiosamente pelo lançamento do documentário sobre sua trajetória. Aqui o trailer do mesmo.

POLÊMIQUETAS: PUGILATO DE CHORÕES, DINHEIRO X TALENTO, A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM ETC

 


No GP de Baku (Arzeibaijão, creio) houve aquele famoso "brake test" entre Hamilton e Vettel. Opiniões diversas sendo emitidas por experts e palpiteiros à parte, acho que boa parte disso é porque essa geração de pilotos, detesto o termo que vou usar, é "Nutela". Ou em bom e velho português: bundas moles. Sem querer ser saudosista e sendo, originalidade relegada ao segundo plano, pega um velho Regga, um Emerson inspirado, um Villeneuve ou Arnoux, ou vá lá, Senna e Piquet, Mansell ou Prost, um Patrese endiabrado e veja se eles iriam reclamar de uma manobrinha de parque de diversões. Mas a asséptica e artificial Formula 1 moderna, onde o cheiro de gasolina verde está sendo substituído por cheirinho de isotônico, precisa de fatos perturbadores. Até entendo onde a Liberty Media quer chegar com isso, acho que o Vettel não deve ser punido mesmo, o próprio Hamilton nunca foi santo, mas pera aí: vamos nos concentrar em corridas! Aliás, a corrida de Baku, apesar de tudo foi boa e foi vencida por um ótimo piloto, o "mil dentes" Ricciardo ( Ritiardo, cacete).
Agora, o mister simulador, Lance Stroll, ainda não me convenceu. Não importa o que digam, eu vou preferir mil vezes um piloto formado na graxa, nos fundos de boxe de kartódromo do interior, com unhas pretas e macacão sujo do que estes robozinhos movidos a muito dinheiro. Por isso, por essa dinâmica de assessores, massagistas, empresários, estrelismos, a Formula 1 foi se afastando do público e de quem gosta de coisas verdadeiras com sabor de suor, gasolina, graxa e adrenalina.

TÔ VOLTANDO: UNS PITACOS AQUI, OUTROS ACOLÁ.





Após vários meses de ausência, o blog está voltando. Concebido inicialmente como um hobby, uma "válvula de escape", cresceu, amadureceu e depois, quase pereceu. Quantos "eu", garanto que nada tem a ver com ego....O espaço criado para falar de qualquer coisa que me desse na telha acabou quase sempre sendo exclusivamente sobre automobilismo. Mas eu garanto que tenho outras coisas na telha e em mente. A situação vexatória de nosso país, onde as instituições e o povo são continuamente desprezados e colocados à prova, tira um pouco a vontade de escrever sobre assuntos praticamente periféricos, tais como automobilismo, cinema, literatura e afins. O advento em massa do vídeo (que eu gosto) desde que o blog foi criado, num longínquo março de 2009, também tornou os textos quase inteiramente redundantes. A dinâmica hoje são textos curtos, claros, objetivos, impactantes e muitas, muitas imagens. Vamos tentar nos adaptar. De qualquer maneira, há tanto a falar sobre automobilismo, que vou ter que dividir em tópicos, de preferência curtos, e ir despejando por aqui aos poucos. Bem vindos de volta, caros!