sábado, 21 de março de 2009

Palestras (parole, parole, parole)

Final de semana, o tempo mudando um pouco, faz frio, faz calor, nada definido. Tantas tarefas em pauta, tantas coisas sem importância real para nos distrair e tirar o foco.
Essa questáo do foco é uma das que mais me preocupa no momento, pela sua substancial ausência no meu atual cotidiano. Tenho assistido e feito palestras sobre motivação, sobre eficiência, sobre empregabilidade, sobre competência e melhora de processos de gestão.
Preocupa-me sobremaneira,  em relação à motivação, como atingir aquela "corda" interna que as pessoas têm e que realmente faz com que sejam sensibilizados a mudar, a avançar. Essa mesma corda, minha, pessoal, às vezes me escapa e me intriga. Milhões de horas de estudos, técnicas sem fim, teorias múltiplas, tudo em vão, se realmente não atingirmos algo íntimo e pessoal de cada indíviduo a quem queremos sensibilizar.
Gosto de história e sempre busco refúgio nela para esclarecer dúvidas, verificar rotas e principalmente, alcançar alívio e sabedoria quando a situação presente me parece insuperável. Basta verificar que situações muito mais complexas e difíceis foram decididas, superadas, resolvidas, para continuar tentando. Traço uma linha do tempo, para no mínimo me certificar de nossa desimportância relativa, numa perspectiva muito mais ampla e abrangente.
O desafio de fazer com que nossa mensagem, ou pelo menos a intenção sub liminar nela contida atinja as pessoas, de diferentes extratos sociais e intelectuais, persiste. Tentar entender os códigos distintos, baseados em experiências pessoais únicas, intransferíveis e de matizes diferentes, achar uma linguagem comum e universal é o que realmente almejamos.
O palestrante jamais pode se colocar numa posição de pretensa superioridade, pois corre o risco de arvorar-se de "dono da verdade" e isso cria um distanciamento imediato e irreversível. Ao contrário, deve criar empatia, falando uma linguagem accessível e direta, utilizando de certo humor auto-depreciativo se necessário, para estabelecer a ligação tão importante para que a mensagem seja de duas vias. Sim, pois o "feed back" obtido e processado imediatamente é o combustível que alimenta o desenrolar da exposição, tornando-a palatável e útil.
Existem dias em que tudo flui maravilhosamente bem e ás mil maravilhas. O palestrante deve aproveitar a onda, o vento, a maré e navegar sem nenhuma preocupação! Aquele é o seu dia: a platéia receptiva, os olhares simpáticos, os gestos corporais aconchegantes, os sons hamoniosos, os cheiros em acordo com o resto, tudo funcionando bem.
Mas infelizmente, o oposto também acontece: tem dias em que o data show teima em não ligar, o barulho da sala ao lado supera o som de sua voz, o ar condicionado está muito frio ou muito quente, causando desconforto aparente às pessoas e suas respectivas capacidades de concentração e pior que tudo, sua mente ficou esquecida em algum canto de sua casa esta manhã,  perdida e inútil. Nesses momentos, há que se recorrer daquelas imensas reservas de experiência e sagacidade, para fazer de uma situação adversa uma saída criativa e inteligente, muitas vezes obtendo um êxito ainda maior que o esperado. Eu busco navegar pelo instinto, inspirando-me em filmes de viagens a locais inóspitos, enfrentando cada pequeno obstáculo um a um, jogando xadrez de principiante, movimento após movimento.
No final, tudo acaba dando certo, segundo a máxima dos antigos. Eu não sou tão otimista assim e faço minha parte no planejamento da palestra, lendo e desenvolvendo seu assunto, fazendo uma boa apresentação em Power Point (na verdade uma excelente forma de roteiro), e uso quando muito, uns vinte por cento de improvisação (quando me sinto inspirado) no decorrer da apresentação.
Voltarei a esse assunto oportunamente.

Nenhum comentário: