segunda-feira, 30 de novembro de 2009

PARA QUE SERVEM OS TESTES DE FINAL DE ANO DA FORMULA 1?


























Os tempos mudam. Antigamente, quando a temporada acabava, algumas equipes de Formula 1 promoviam testes para avaliação dos carros das próximas temporadas e também para conhecer novos talentos, oriundos das categorias de base. Naquela época os pilotos corriam por vários anos nas categorias menores e como não havia tantos interesses comerciais, a promoção geralmente se dava por mérito esportivo. As equipes ficavam de olho em novos talentos, até porque a rotatividade era relativamente alta, devido aos acidentes, e os convidavam para ver se tinham realmente condições de pilotar os carros mais rápidos. Me lembro de quando o Emerson Fittipaldi começou a se destacar ainda na Formula 3 inglesa, o Frank Williams, que na época tinha uma equipe pequena, onde corria seu grande amigo Piers Courage (um misto de piloto rápido e milionário, que faleceu no GP da Holanda de 70). Aconselhado por alguns, resolveu declinar o convite por hora, e a sorte grande surgiu quando a Lotus, para quem ele já pilotava na Formula 2 a esta altura, resolveu lhe dar um teste. Tenho este teste numa velha revista Quatro Rodas. Rindt estava lá testando a nova Lotus 72. O segundo piloto da Lotus naquela altura era o gente-boa-pé-de-breque John Milles, e Chapman já estava pensando em alguèm mais consistente para fazer dupla com o veloz aústriaco. Pois bem, a Emerson foi assignado o velho chassis 49 e de propósito, as regulagens de molas e cambagem foram todas trocadas. O novato saiu para a pista e após duas ou três voltas, voltou aos boxes e pediu aos mecânicos que alterassem a suspensão. Chapman ficou deveras impressionado, assim como Rindt, que ainda deu umas voltas na 49 e orientou Emerson no teste. Claro, estou falando de um predestinado. Me lembro do teste de Ayrton Senna na equipe Williams em 1983. Naquela época os carros de Formula 3 produziam algo em torno de 170 hp, contra mais de 500 hp dos Formula 1 aspirados, caso do Williams. Era uma diferença brutal, muito maior que dos GP2 ou mesmo World Series de hoje em dia. Senna conhecia o circuito (Donnington Park), acertou o carro e mandou ver. Outro predestinado, claro.
Hoje em dia, um moleque de 18, 19 anos já está correndo há dez. Conhecem os circuitos, simulam nos video games, fazem academia, ou seja, chegam muito mais preparados às portas da Formula 1. Alguns, como Lewis Hamilton provam que estão prontos. Outros, como Nelsinho Piquet, demoram mais tempo. No final de ano, as equipes "presenteiam" alguns felizardos com testes. Na realidade, tudo é calculado em termos de marketing, em termos de exposição na mídia. Imaginem que agora, sem corridas, as publicações especializadas, os sites, ou mesmo as grande emissoras de TV, estejam "caçando" matérias para seus programas esportivos. O teste de uma jovem promessa pode render alguns preciosos segundos na mídia, bom para os pilotos que passam a ser vistos e reconhecidos e bom para os patrocinadores que ganham um "bônus" pelos seus polpudos investimentos.
Na prática, pouco se pode avaliar tecnicamente. Para o ano que vem os carros vão sofrer muitas modificações, inclusive na dinâmica das provas, sem poder parar para reabastecer. O bom piloto saberá interpretar as reações do carro com tanques cheios e vazios, e saberá calibrar seu desempenho de acordo.
De qualquer forma, esta semana um monte de gente vai se sentar e acelerar um bólido de Formula 1, privilégio e tanto. Para alguns será o início de algo sólido, como foi para Sebastian Buemi no ano passado. Quem se lembra de Robert Wickens? Na mesma época o canadense, também um pupilo da Red Bull young drivers program, testava por aí. Sumiu. Para alguns, daqui a alguns anos, será possível ver seus testes exibidos no blog do Rianov, e isso tampouco é de se desprezar!

Um comentário:

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Oi Cezar , estou tentando te escrever desde a semana passada , mas faltou tempo . Em 1º lugar cinquentinha é pouco !!! Parabens .
Courage foi alem de rápido , sua morte trágica nos privou de um campeão . No teste do grande Emerson a certa altura ele fala ao Rindt "está saindo um pouco de frente" ao que o Austríaco responde "falta o pé direito" mandando ele acelerar mais .
Qt a qrande parte dos pilotos que fazem testes vou citar uma frase do grande Bird na FEI , "piloto hoje é griffe"
Gostei de seu comentário sb a corrida de Kart .
Um abraço