quarta-feira, 22 de maio de 2013

O RETORNO

Eu gostava muito de torcer pelas equipes nanicas na Formula 1: aqui o Ensing da equipe Theodore com Patrick  Tambay a bordo.

Muitas coisas acontecendo. No campo pessoal, no profissional. Mudanças. A vontade de escrever retornando. Nos últimos meses tenho me limitado a assistir as corridas e ler os blogs de outros autores. Na maior parte das vezes, os que leio pelo menos, ótimos textos, fotos, análises precisas. O que "pega" por vezes são alguns comentários de leitores xiitas, desavisados, que palpitam mesmo quando é para escrever : "eu não entendo, ou não conheço, mas acho que..." — cáspita!, se não entende ou não conhece, por que não lê e aprende a respeito antes de dar pitacadas? Muita gente escreve sobre as atuais corridas de Formula 1 como sendo chatas, previsíveis e mencionam os "velhos tempos" como se fossem mágicos. Pessoal, eu estava lá, sim sou velho e acompanho vorazmente a Formula 1 desde 1968, pelo menos. Com algumas excessões, nos velhos tempos, os carros quebravam muito, o nível de pilotagem não era lá estas coisas, excetos nos caras que estavam nos melhores carros das melhores equipes, não havia telemetria e os erros de pilotagem eram muito mais frequentes, se bem que as deficiências técnicas dos pilotos dos pelotões intermediários eram mascaradas pela falta de telemetria! 
No ano em que Ayrton Senna sagrou-se campeão mundial pela primeira vez, 1988, somente ele e seu companheiro de esquadra na McLaren tinham carros para vencer. Legal se você era francês ou (principalmente) brasileiro, mas provavelmente nem tanto para os torcedores de outros pilotos e outras nacionalidades. As corridas eram boas? Há controvérsias. Houve grandes duelos, grandes corridas, mas o tempo parece que aumenta as proezas. Quero ver neguinho entrar na pista hoje, mesmo com um carro bom e "botar banca" para cima de um Fernando Alonso, um Sebastian Vettel, um Kimi Raikkonen, um Lewis Hamilton, um Button, um Webber, vai lá um Massa ou um Hulkenberg! São pilotos de ótimo naipe e talvez em pouquíssimos e brevíssimos períodos tenhamos tido o privilégio de assistir a tantos craques ao mesmo tempo, e o que é melhor, a bordo de carros que raramente quebram e com a telemetria totalmente escancarada para vermos as eventuais "barbeiragens" antes mascaradas pelas deficiências técnicas das comunicações entre carro e equipe.
Enfim. Não sou saudosista. Curti e como torcer pelo Emerson Fittipaldi a borda da mítica Lotus 72D preta ( e já havia torcido pela mesma linda combinação em vermelho). Vibrei com cada um dos títulos do Piquet, sempre lutando meio sozinho contra a malta toda, com seu jeito malandro e irreverente. Torci pelo Senna e seu talento cirúrgico de não deixar pedra sobre pedra, principalmente nas classificações com aquelas voltas precisas e ao mesmo tempo "banzais". Mas igualmente torci pelo Niki Lauda e seu jeito desengonçado. Torci muito pelo James Hunt, admirador do playboy irreverente e talentoso que foi. Torci pelo Keke ter finalmente sido campeão do mundo, a base de seu talento sempre sub-utilizado até então. Admirei os títulos de Alain Prost, principalmente por te-lo visto em ação diversas vezes e sua aparente facilidade de condução me deixava perplexo. Gostava do Rene Arnoux. Era fã do Elio de Angelis, do Ronnie Peterson, do nosso Moco, o saudoso Carlos Pace. Admirava os dias bons do Lole, Carlos Reutemann. Gostava do Jackie Stewart (como não gostar?), do François Cevert, do Jo Siffert, do Denny Hulme. Nunca gostei do Jody Scheckter, mas reconheço seu talento.  Torci bastante pelo "Leão" Nigel Mansell por sua garra, bravura e inegável velocidade. Poderia ficar aqui a noite toda discorrendo sobre os pilotos para quem torci e que NÂO eram brasileiros. Ou seja, esporte é esporte. Se um conterrâneo ganhar e você se identificar com ele, legal, se não, a vida segue. Hoje eu não desgosto do Massa, mas não sinto aquela vibração em torcer por ele. Torço muito mais pelo Kimi, pelo Lewis, mesmo pelo Alonso, do que por ele. E jamais torci para alguns brasileiros que passaram, ainda que fugazmente pela Formula 1, por absoluta falta de identificação. Domingo tem Mônaco, e até lá eu volto para aborrece-los um pouco mais.

Um comentário:

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Benvindo Cezare!!!!

Um abração