De vez em quando me deparo com fotos antigas, geralmente em preto e branco, de corridas, carros ou pilotos do passado. Da época em que eu, menino, ainda não tinha consciência do enorme peso que o automobilismo iria ter em minha vida. Devaneios de um idoso, quiçá, mas me divirto em forçar a minha memória a trabalhar a fundo. Quem são os pilotos da foto abaixo? A única dica que dou é que estão sete campeonatos mundiais nesse quadro!
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Repassando: pílulas do GP São Paulo de domingo passado
Faz tempo que não faço comentários sobre corridas aqui ou mesmo no meu canal do youtube. Mas já estava sentindo saudades, portanto, vamos lá:
Atuação dos pilotos:
Norris - apesar de toda as controvérsias e da teoria da conspiração de que estaria sendo beneficiado pela equipe em detrimento de seu companheiro (entre os quais eu subscrevo, mas falarei disso mais adiante), fez duas grandes corridas, sem erros e com pinta de campeão. Sem muito carisma, a bem da verdade, mas isso é subjetivo e não tira o brilho de suas últimas atuações. Parece que as supostas questões de fragilidade mental foram superadas e sua atitude de recuperação foi louvável.
Antonelli - Boa surpresa esse italianinho destinado a grandes coisas no futuro. Protegido de Toto Wolf, Kimi teve um começo auspicioso, uma certa queda de rendimento no final da fase européia, mas recuperou seu brilho de algumas etapas para cá e vem mostrando que é o futuro da Mercedes. Com a tenra idade de 19 anos, segurar as investidas de um inspirado tetra campeão com sucesso não é para qualquer um. Duas excelentes corridas no templo Interlagos!
Max - Muito já se escreveu sobre esse verdadeiro fenômeno. Goste-se ou não do holandês nascido na Bélgica, com conexões tupiniquins, o cara é fora da curva. No ano passado já havia feito corrida memorável, largando lá atrás (16º) e vencendo, ajudado pela chuva que lhe favorece o talento. Este ano largou do pit lane e chegou em terceiro, que poderia ter facilmente sido um segundo, não houvesse um inspirado bambino a defender-se ferrenhamente.
Russell- Boas atuações, parece estar um tanto incomodado pela recente forma de seu jovem companheiro de equipe, Antonelli. Considero Russell um grande piloto, inclusive tem duas vitórias nessa temporada, mas prevejo uma certa tensão entre os pilotos Mercedes em função do mesmo problema que afeta hoje a Mclaren e tantas outras esquadras no passado: quem é o primeiro piloto? Por enquanto a Mercedes aposta na experiencia de George, mas isso pode mudar, pois é fato que Toto nutre um carinho quase paterno por Kimi.
Piastri- Oscar, Oscar, Oscar... o que houve meu camarada? Até há pouquíssimas rodadas o título mundial parecia ser apenas uma questão de tempo, uma merda formalidade. De repente, o bolo desandou, arruinou, a coisa está feia. Em minha modestíssima opinião, parece claro para o grupo Mclaren que o título seria melhor, em termos comerciais, de investimento, ligações de bastidores nas mãos de um piloto britânico, campeão das redes sociais, queridinho do jet set e que vem remando faz tempo pela equipe. Oscar parecia ser o mais equilibrado dos dois, com uma atitude quase blasé quando vencia e dominava, típico, talvez dos australianos. De Monza para cá parece ter perdido a boa forma e sua atitude despondente após a prova de Interlagos não poderia ser mais reveladora.
Ollie- Todos os méritos para esse jovem prodígio que vem extraindo um desempenho extraordinário da sua modesta monta, a Haas. Sem ter tido uma carreira expressiva na Formula 2 do ano passado, inclusive tendo sido companheiro de esquadra de Antonelli, sua ascensão à máxima foi encarada com certas reservas por muitos (novamente me incluo nesse inglório rol de céticos). Mas o garoto vem fazendo corridas de gente grande ao longo do ano e é certamente uma certeza para o futuro. A Ferrari que o vem nutrindo há tempos está com bons cacifes em mãos (e eu me atrevo a dizer que também há um certo pernambucaninho na mira dos Rossos, Rafa Câmara - falou aqui o torcedor e também alguém que já se acostumou a diagnosticar talentos precoces).
Lawson- Liam é um daqueles pilotos, não sei exatamente por que razão, que mesmo que ganhe o mundial invicto duas vezes ainda terá críticos e pessoas céticas em relação ao seu talento. Uma mente mais frágil, após ser humilhado e rebaixado da equipe principal da Red Bull no inicio do ano, após apenas duas rodadas, teria se encolhido e sumido. Mas Lawson não se deixou intimidar e, apesar de ter um companheiro de equipe talentoso em Issac Hadjar, vem fazendo seu trabalho de forma honesta e digna. Ainda assim, há muitos que cravam que ele não permanecerá na Formula 1 na temporada de 2026, o que, em minha opinião seria injusto.
Hadjar- Sem dúvidas, uma das grandes revelações do ano, especialmente por achar que ele era espaventado e esquentado, a medir por sua temporada na F 2 no ano passado, onde cometeu muitos erros de precipitação. Foi amplamente batido pelo nosso Bortoleto e eu achava que sua promoção havia sido errônea. Confesso que devo me retratar, pois provou que merece seu lugar e tem inclusive, em sua temporada de estreia um pódio! Em Interlagos, no entanto, mostrou certa dificuldade de adaptação as ondulações da pista e foi batido pelo companheiro de equipe, Lawson. Ainda tem crédito, no entanto.
Hulkenberg- Um veterano casca grossa que se renova a cada ano e encara o oficio de piloto de Formula 1 com muito profissionalismo e seriedade, além da óbvia competência. Nico fez sólida corrida e é um dos responsáveis pelo sensível melhora da equipe Sauber em relação ao ano passado.
Gasly- o simpático bretão, é sem dúvida um daqueles casos em que ficamos na dúvida: e se ele tivesse um carro de ponta nas mãos? Sempre extraindo o máximo de seu equipamento, Pierre é um piloto sólido e confiável. Beliscou dois pontinhos impossíveis em Interlagos, minimizando o calvário da equipe do cafajeste Briatore.
Dos demais, destaques negativos para os pilotos Ferrari (pobre Leclerc), um Ocon meio perdido, um pobre Tsunoda, Albon e Sainz perdidos nas equivocadas estratégias da equipe Williams, um Alonso combativo e como sempre, remando, remando, para morrer afogado na praia, um Stroll, Stroll, e por fim, o nosso Gabriel Bortoleto. Se eu acreditasse em bruxarias, mandingas ou coisas do tipo, sem dúvida essa seria a ocasião perfeita para confirmar minhas crenças. A maldição das péssimas estréias dos pilotos brasileiros correndo em casa pela primeira vez (com a notável exceção de Emerson que venceu em 73) se confirmou. Gabriel é bom piloto, ainda que eu não anteveja nele o messias, o próximo Senna ou Piquet. Seguro, veloz, interessado em aprender os meandros técnicos, vem fazendo uma temporada razoável. Mas sua atuação em Interlagos, em frente ao público sedento por um novo ídolo foi realmente muito sofrível. Quem faltou? Ah, sim, o Franco Colapinto. Acho o simpático argentino um bom piloto, mas até o momento apenas consigo vê-lo como um pay driver que só segura o seu lugar em virtude da verba que traz para a combalida equipe Alpine. Motivo de muito oba oba por parte dos passionais torcedores argentinos, Franco está devendo e muito. Como renovou seu contrato para o ano que vem, imaginei que estaria mais sereno, mas me enganei: cometeu os mesmos erros de afobação que prejudicam suas atuações quase sempre. Oxalá consiga acertar sua cabeça, pois velocidade ele tem de sobra.
De qualquer maneira, Interlagos proporcionou, como sempre, uma das melhores etapas do mundial e agora, na reta final, onde só falta carimbar o certificado de campeão para Norris, uma surpresa seria uma tardia reação de Piastri, aparentemente cabisbaixo e vencido pelo peso de ser um solitário contra um sistema. Poucos conseguiram reverter a preferencia tão nítida de uma equipe por um outro companheiro, não é mesmo Nelson Piquet? Esse sim, contra tudo e quase todos, conseguiu. Oxalá Piastri me surpreenda positivamente! E nunca descartem Max...
terça-feira, 11 de novembro de 2025
Voltando devagarinho.
Posso afirmar sem dúvidas, que o blog foi o meu primeiro amor na internet. Esse aqui, em particular, cuja primeira postagem foi pelos idos de março de 2009. Bons tempos e logo, com o entusiasmo quase juvenil de um principiante, muitos posts, se destacou. Ganhamos, antes de completar um ano de existência, o troféu de segundo prêmio entre blogs de esporte. Foi uma bela e agradável surpresa. Depois disso, procurei corresponder às expectativas com postagens originais, sempre mantendo minha independência de opinião e valores.
Com o tempo, novas obrigações, dois empregos, um canal no Youtube (muitas vezes com publicações cruzadas) que também me deu bastante alegria, as postagens foram ficando mais raras e esparsas. Esse ano de 2025 têm sido particularmente difícil para mim, vou poupá-los dos detalhes, mas realmente não está sendo fácil. Mesmo assim, esses dias, ruminando com meus proverbiais botões, pensei: preciso reviver o meu blog. Sim, o blog que me proporcionava muitas alegrias e que foi injustamente esquecido por mim. Não prometo postagens diárias, nem mesmo semanais, mas prometo ter mais carinho com esse cantinho aqui de agora em diante! E, como dica, tem umas histórias interessantes aqui no cantinho direito, lá do arco da velha, como por exemplo minha saga ao ir para a Inglaterra nos anos 80 para tentar conquistar um lugarzinho ao Sol no mundo do automobilismo. Vamos que vamos!
segunda-feira, 10 de novembro de 2025
segunda-feira, 4 de março de 2024
segunda-feira, 14 de novembro de 2022
Quando caem as máscaras
Não importa o que eu ou você pensemos,
ou achamos, ou lacramos. Fatos, e isso é elementar, meu caro Watson! E os fatos
a que me refiro: Lewis Hamilton ainda é o melhor piloto em atividade, apesar da
recente forma “rolo compressor” de Max Verstappen. Eu me refiro ao pacote
completo: currículo, trajetória, caráter. Obviamente já critiquei Hamilton no
passado por alguns posicionamentos extra pista, sempre deixando claro que minha
opinião é subjetiva e ele é grandinho e, portanto, responsável por seus atos e declarações.
Também já o critiquei em alguns entreveros em pista, notadamente Silverstone
2021, onde acho que ele se excedeu. Também critiquei uma certa benevolência dos
fiscais e dirigentes em relação às punições mais brandas aplicadas a ele em
comparação.
Agora ontem, ele teve uma
atuação e uma postura digna de um campeão. Recebido com festa (justificada) no
nosso país como um grande campeão (o que de fato é), portou-se com galhardia
fora e dentro da pista. Se fora dela, mostrou paciência e solicitude com seus
muitos fãs, dentro dela, ao “comboiar” seu jovem companheiro de equipe naquilo
que seria a primeira vitória da equipe no ano (e com dobradinha para coroar o
final de semana), mostrou comedimento e generosidade ímpares. E olha que
estamos falando de vitória, que lhe ilude há mais de um ano, fato inédito em
sua incrível carreira.
Indesculpável, portanto, a atitude
egoísta e grosseira do mimado holandês Verstappen, que ao não pensar na equipe
deixou seu companheiro Sergio Perez atrás de si na disputa de um glorioso (!!)
sexto lugar, mas que representaria um pontinho a mais para o mexicano na
renhida disputa pelo vice-campeonato com o monegasco Leclerc da Ferrari. A
equipe Red Bull jamais logrou fazer um campeão mundial e um vice na mesma
temporada e essa seria a coroação perfeita da temporada. Quais as razões que
fazem um piloto declinar ajuda a um companheiro de equipe, que tanto o ajudou
no passado, diga-se de passagem, e que já tem o campeonato fechado e lacrado
para si? Não tenho resposta a essa questão.
Faço paralelos a alguns
pilotos que assisti e que não faziam questão de serem simpáticos com o publico
e com seus companheiros de equipe. Descontando-se a natural tendência ao egoísmo
extremo que faz parte do DNA de quase todos os campeões, lembro-me da semisselvagem
disputa em Senna e Prost, companheiros de equipe, mas disputando o título prova
a prova, roda a roda. E a infeliz política de “boa vizinhança” promovida pela
Williams em 86 e 87, que resultou da perda de um campeonato certo e líquido por
ambos os pilotos, Piquet e Mansell que preferiram se destruir nas pistas
favorecendo um narigudo e sagaz Prost da McLaren. Mas, novamente, ambos estavam
disputando o título. E, claro, lembro-me
da infeliz temporada de 1973 onde Emerson Fittipaldi ganhou três das quatro
primeiras provas, e depois a equipe privilegiou seu talentoso e rápido
companheiro Ronnie Peterson, jogando o título de pilotos no colo de Jackie Stewart.
Nesse caso, foi burrice de Colin Chapman que não soube valorizar seu campeão
mundial e claramente, investiu errado, perdendo o furioso piloto brasileiro que
se mudou de mala e cuia para a McLaren para vencer ali o primeiro dos muitos
títulos da escuderia.
Tivemos os casos da Ferrari
onde sua majestade Michael Schumacher sempre esmagava esportiva e politicamente
seus segundos pilotos (Irvine, Barrichello e mesmo Masssa), escolhidos a dedo
para serem escudeiros. Caso aliás, parecido com o de Checo Perez, que ninguém levou
a sério após a corrida de Mônaco este ano, vencida por ele que declarou estar
na “disputa” pelo título. Todos sabíamos que Verstappen era mais talentoso,
mais importante para a equipe, incontestável número 1 e o brilhareco do simpático
mexicano não passaria de um “flash in the pan”, como dizem os ingleses. Mesmo assim,
com um carro foguete nas mãos, algumas boas atuações, uma Ferrari pateticamente
errática, os problemas da Mercedes, fizeram com que a Red Bull tivesse chances
reais de cravar campeão e vice. Sem stress. Exceto pelo ego gigantesco de nosso
amigo dos países (e golpes) baixos.
Veremos a conclusão dessa
novela inacabada daqui a menos de duas semanas no encerramento do campeonato em
Abu Dhabi. De qualquer forma, a meus humildes olhos de ancião, Hamilton saiu
grande e Verstappen minúsculo de Interlagos!




